A renomada cientista baiana Jaqueline Goes traz para Salvador uma importante iniciativa que visa ampliar o acesso de mulheres de grupos raciais minorizados a espaços acadêmicos e científicos, fortalecendo suas carreiras e promovendo mudanças estruturais no setor. Trata-se do Instituto Jaqueline Goes – Ciência Entre Nós, que será inaugurado no dia 31 de março, a partir das 17h, no Antique Bistrô.
A ideia de criar o projeto nasceu em 2021, quando Jaqueline Goes recebeu homenagens da Barbie e da revista Forbes pelo seu trabalho no sequenciamento do genoma da Covid-19 em apenas 48 horas. “Momentos que me sacudiram muito, porque eu não me via nesse lugar. A homenagem da Barbie me deixou preocupada, com toda a representatividade que as pessoas estavam colocando em mim. Eu não achava que meu trabalho até então já teria sido suficiente para receber todo esse volume“, reflete a cientista.
Esse sentimento a levou a procurar a Dra. Valéria Borges, pesquisadora da Fiocruz e sua ex-coordenadora no doutorado e, assim, idealizar o Instituto, que não apenas visa ampliar o acesso das mulheres de grupos minorizados ao meio acadêmico, mas também criar um sistema de suporte e incentivo que assegure que essas profissionais permaneçam e cresçam na carreira científica.
“Minha maior motivação são as disparidades e minha própria vivência. Quando a gente olha os dados, percebe que pouco mudou ao longo dos anos. Somente 38% dos pesquisadores no mundo são mulheres, e a gente nem está falando da metade. Mas, mais do que isso, quando olhamos para os postos de gestão, vemos que são ocupados majoritariamente por homens”, destaca a biomédica. “Agora, pela primeira vez, temos uma ministra mulher no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Isso já mostra alguns avanços. O que eu penso sobre isso? Alguém precisa fazer algo. Se eu tenho esse alcance e impacto, então quero que mais meninas, principalmente meninas baianas, tenham oportunidades, bolsas de permanência, acesso a intercâmbios e formação qualificada”.
Inicialmente, o Instituto trabalhará com um público-alvo bem definido. No ensino médio, atenderá jovens de grupos raciais minorizados de escolas públicas que estejam em situação de vulnerabilidade social, oferecendo formação científica, programa de tutoria para desenvolvimento de habilidades socioemocionais, ensino de inglês e intercâmbios. No ensino superior, o foco está na imersão científica, direcionando as participantes para programas de pós-graduação, bolsas de permanência e apoio à publicação de pesquisas.
O Instituto Jaqueline Goes conta ainda com o apoio de Dra. Valéria Borges, pesquisadora da Fiocruz; Dra. Deboraci Prates, professora da Universidade Federal da Bahia; e Edna Goes, pedagoga e mãe da Dra. Jaqueline. “É uma grande honra participar do Instituto Jaqueline Goes, um projeto idealizado pela cientista que leva seu nome e inspira meninas e mulheres na Ciência. Com foco na equidade de gênero e raça, o Instituto contribui para ampliar oportunidades e protagonismo. Além de orientação de carreira, incentiva habilidades científicas que podem garantir a permanência na área. Afinal, por que não formar novas potências como Jaqueline Goes?”, destaca Dra. Valéria.