Iwao Hakamata, um japonês que passou quase meio século no corredor da morte por um crime que não cometeu, será indenizado em 217 milhões de ienes (cerca de R$ 8,25 milhões) pelo governo do Japão. O montante é considerado o maior pagamento já feito pelo país em um caso de erro judicial.
Hakamata trabalhava em uma fábrica de processamento de miso quando, em 1966, seu chefe, a esposa e os dois filhos foram encontrados mortos após um incêndio em Shizuoka, a oeste de Tóquio. As vítimas foram esfaqueadas antes do fogo consumir a residência.
As autoridades acusaram Hakamata de assassinato, incêndio criminoso e roubo de 200 mil ienes. Inicialmente, ele negou o crime, mas depois “confessou” sob intensa pressão, relatando ter sido vítima de espancamentos e interrogatórios que duravam até 12 horas por dia. Dois anos depois, em 1968, foi condenado à pena de morte.
Demora na Justiça
Ao longo das décadas, os advogados de Hakamata argumentaram que o DNA encontrado nas roupas das vítimas não correspondia ao dele, além de apontarem indícios de manipulação de provas. Mesmo assim, ele permaneceu no corredor da morte até 2014, quando finalmente conseguiu um novo julgamento.
Os trâmites judiciais, no entanto, se arrastaram por quase uma década, e a nova audiência só começou em outubro de 2023. O caso expôs falhas no sistema judiciário japonês, especialmente no tempo excessivo para revisões de processos e no histórico de confissões obtidas sob coerção.
A indenização reconhece a injustiça sofrida por Hakamata, que hoje tem 87 anos e é considerado a pessoa que mais tempo passou no corredor da morte antes de ser absolvida.