Morro de São Paulo, charmoso vilarejo a cerca de 60 quilômetros de Salvador, sempre foi um destino querido por argentinos e franceses. Nos últimos anos, no entanto, o arquipélago tem recebido um número crescente de visitantes israelenses. No Verão de 2023-2024, por exemplo, metade dos 10 mil habitantes locais foi praticamente igualada pelo fluxo de turistas vindos de Israel.
Esse aumento está diretamente ligado ao serviço militar obrigatório no país, que dura dois anos para mulheres e três para homens. Após esse período, é comum que jovens israelenses utilizem os salários acumulados para mochilões ao redor do mundo – e o Brasil figura entre os destinos preferidos.
“Os israelenses gostam muito de viajar por orientação de quem já conheceu o lugar. Não dá para dizer exatamente quem, mas alguns militares que vieram aqui há anos atrás começaram a passar as informações da região”, explica Cláudio Brito, secretário de turismo do município que administra Morro de São Paulo, em entrevista ao jornal Correio, parceiro do Alô Alô Bahia.
Além das paisagens paradisíacas e da estrutura turística consolidada, o comércio local soube se adaptar a essa nova demanda. Restaurantes passaram a oferecer cardápios em hebraico, enquanto pousadas aprimoraram o atendimento personalizado para esse público, garantindo uma experiência ainda mais acolhedora.

Restaurantes passaram a oferecer cardápio em hebraico | Foto: Divulgação
Outro fator que impulsionou a popularidade do destino entre os israelenses foi a série televisiva “Magic Malabi Express”, gravada na região. Assim como acontece com a maioria dos visitantes de Morro, a trama acompanha três jovens israelenses que decidem explorar o Brasil após concluírem o serviço militar.
O contraste geográfico também é um atrativo. “Morro de São Paulo é o destino mais procurado por eles, por conta das belezas naturais e a tranquilidade que emana no lugar, por ser o avesso de tudo que eles costumam ver e viver”, explica Jorge Pinto, diretor da Associação Brasileira de Agências de Viagens da Bahia (ABAV-BA).
Paulo Huter, proprietário da casa noturna Teatro do Morro, trabalha há quase uma década com o público israelense. Ele mantém parceria com a agência de turismo Muchiler, especializada em pacotes para a região, e organiza festas rave exclusivas para esses viajantes.
“Quando eles chegam aqui no começo do verão, costumam passar por Florianópolis, depois descem para Bahia, onde curtem o Carnaval em Salvador e encerram a temporada em Morro de São Paulo, Itacaré ou na Chapada Diamantina”, conta Huter. A comunidade também se mantém conectada por meio de grupos no WhatsApp, onde trocam informações sobre hospedagens, restaurantes e festas.
“Por estarem em guerra e serem a maioria do exército, eles têm algumas preferências. Por exemplo, se hospedam sempre nos mesmos lugares, vão sempre nos mesmos restaurantes e frequentam as mesmas festas”, conclui Huter.