A cantora Preta Gil, diagnosticada com câncer colorretal em janeiro de 2023, segue em recuperação após passar por um intenso tratamento, incluindo quimioterapia, radioterapia e cirurgias. No final de 2024, ela foi submetida a um procedimento para remoção de tumores na região da pelve, o que resultou na necessidade do uso permanente de uma bolsa de colostomia.
Sob os cuidados da oncologista Fernanda Capareli, especialista em tumores gastrointestinais do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, Preta passa por exames periódicos para monitorar sua saúde. Segundo a médica, os resultados mais recentes não apontam lesões visíveis, mas o acompanhamento continuará rigoroso, com exames de imagem trimestrais e testes laboratoriais frequentes para avaliar a função renal e outros indicadores.
Capareli explica em entrevista ao jornal O Globo que o período mais crítico para o risco de recidiva do câncer ocorre nos primeiros 18 meses após o tratamento, quando os exames são realizados com maior frequência. O acompanhamento deve seguir por pelo menos cinco anos, podendo se estender indefinidamente, dependendo do caso. Em abril, Preta Gil deve retornar ao Memorial Sloan Kettering Cancer Center, nos Estados Unidos, para apresentar os resultados de sua cirurgia.
Aumento de casos entre jovens preocupa
O caso de Preta Gil chama atenção para um fenômeno crescente: o aumento da incidência de câncer colorretal em pessoas com menos de 50 anos. De acordo com Capareli, embora a doença esteja diminuindo na população geral devido a avanços na detecção precoce, a ocorrência entre jovens tem aumentado.
Fatores como alimentação rica em gordura animal e pobre em fibras e vitaminas, além do consumo de cigarro e álcool, são apontados como possíveis contribuintes para essa tendência. “Não existe uma causa única, é uma doença multifatorial”, ressalta a médica à publicação, destacando que hábitos de vida inadequados podem elevar o risco, mas não são determinantes.
Prevenção e exames regulares
Para a detecção precoce do câncer colorretal, há protocolos bem estabelecidos. Indivíduos sem histórico familiar devem iniciar exames de colonoscopia aos 45 anos. Já aqueles com parentes de primeiro grau diagnosticados com a doença devem começar aos 40 anos ou 10 anos antes da idade em que o familiar recebeu o diagnóstico.
Colostomia
Desde o início de sua jornada contra o câncer, Preta Gil tem compartilhado sua experiência de forma aberta, incluindo a adaptação ao uso da bolsa de colostomia. Segundo Capareli, essa postura tem impacto positivo na quebra de tabus e no acolhimento de outros pacientes que passam por situações semelhantes.
“Ela desmistificou o que é uma ostomia. Muitos pacientes relatam que, se tivessem visto sua abordagem antes, teriam lidado com a situação de forma mais tranquila”, afirma a oncologista. “Ela é um exemplo de que é possível seguir com uma vida plena após um diagnóstico e tratamento como esse”, encerra na entrevista ao Globo.