Diversidade no balé: baiana é aprovada em edital inédito do corpo artístico do Theatro Municipal de SP

Diversidade no balé: baiana é aprovada em edital inédito do corpo artístico do Theatro Municipal de SP

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

José Mion/Alô Alô Bahia

Balbino

Publicado em 19/03/2025 às 11:26 / Leia em 3 minutos

Por seis anos, Grécia Catarina, de 31 anos, foi a única bailarina negra do Balé da Cidade de São Paulo, corpo artístico do Theatro Municipal. Não à toa, sua chegada à companhia se deu durante a gestão de Ismael Ivo, primeiro diretor negro da história do grupo, falecido em 2021.

Agora, ela estará acompanhada de outras quatro bailarinas, incluindo a baiana Safira Santana Sacramento, de 25 anos, aprovada no primeiro edital de seleção exclusivo para bailarinas negras e indígenas. Nascida no bairro do Acupe de Brotas, em Salvador, a jovem foi selecionada entre pelo menos 100 candidatas de diferentes regiões do Brasil e de países como França, Bélgica e Estados Unidos.

Safira Santana Sacramento

“Partindo do princípio de que a arte foi feita para todos, de que algumas formas de arte começaram nas ruas e comunidades, a exclusividade pode restringir o acesso à arte para quem não tem uma capacidade financeira para estar em certos meios. Por isso, o edital do Balé da Cidade pôde abrir um caminho para essas pessoas, que adquirem esse corpo que pulsa e que têm a necessidade de se expressar e de comunicar, para contribuir com o movimento da dança”, disse a bailaria ao Alô Alô Bahia.

Atualmente morando em São Paulo, depois de dançar na companhia Landestheater Linz, na Áustria, até 2022, Safira vem de uma família de artistas. “Minha relação com a dança começou desde muito pequena, de quando acompanhava minha mãe, Vera Passos, em suas aulas de Técnica Silvestre e Simbologia dos Orixás, e meu pai, Nei Sacramento, quando estava proposto a tocar suas aulas. Através da família, eu descobri minha inclinação afetiva com a dança“, revela.

Safira Santana Sacramento

Apesar das selecionadas terem sido contratadas temporariamente por seis meses, em vagas inicialmente criadas para cobrir licenças e afastamentos, o período pode ser prorrogado, a depender das necessidades do Balé da Cidade. Ainda assim, Safira está animada com a oportunidade e com o que sua chegada à companhia simboliza. “É uma vaga que dá esperança. O balé é um lugar seguro, em que posso ser eu, com minha história”, defende a bailarina, que segue sendo uma das poucas negras – foram apenas seis até hoje – na trajetória de 57 anos do grupo.

“Eu entendo a dança e a arte como meios de expressão destinados a todos os seres viventes que, de alguma forma, dedicam seus esforços em prol de um movimento. Por isso, esse edital pôde visualizar quatro corpos dentre muitos outros potentes e capazes de ingressar na companhia”, celebra.

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