Após quase duas décadas no mercado brasileiro, o Renault Sandero teve sua produção encerrada na fábrica de São José dos Pinhais, no Paraná. O modelo, que já figurou entre os mais vendidos da marca no país, resistia apenas na versão Stepway, com motor 1.0.
Agora, dá espaço definitivo ao Renault Kardian, marcando o fim de uma era para os hatches compactos no Brasil.
A saída do Sandero reflete uma mudança no setor automotivo nacional, que tem priorizado SUVs em detrimento dos hatches compactos. O modelo perdeu espaço para concorrentes como Fiat Pulse e, em breve, o Volkswagen Tera, reforçando a preferência do mercado por veículos com maior porte e posição de dirigir elevada.
Ao longo de sua trajetória, o Sandero destacou-se pelo amplo espaço interno, superando até alguns hatches médios. O porta-malas de 320 litros era um diferencial importante, especialmente para motoristas de aplicativo. No entanto, sua segurança foi alvo de críticas, com desempenhos abaixo do esperado em testes do Latin NCAP.
História
Lançado globalmente no Salão de Frankfurt de 2007, o Sandero chegou ao Brasil ainda naquele ano, derivado do Dacia Logan. Foi o primeiro modelo da Renault revelado fora da Europa e enfrentou concorrentes de peso, como Fiat Palio, Volkswagen Gol e Ford Fiesta. A estratégia da marca na época foi trazer veículos da subsidiária romena, mas com a insígnia Renault.
Em 2009, a fabricante apresentou o Sandero Stepway, uma versão com suspensão elevada e visual aventureiro para competir com o Volkswagen CrossFox. O sucesso foi tanto que, anos depois, o Stepway passou a ser tratado como um modelo independente no portfólio da Renault.
Em 2015, o Sandero atingiu seu ápice com o lançamento da versão esportiva RS. Equipado com motor 2.0 de 150 cv e ajustes da Renault Sport, o hatch conquistou entusiastas e se tornou um dos esportivos acessíveis mais icônicos do mercado. Sua produção foi encerrada em 2021, com a série especial RS Finale.
Fim dos hatches
A saída do Sandero não é um caso isolado. Nos últimos anos, modelos como Volkswagen Gol, Ford Ka, Fiat Uno e Toyota Etios também deixaram de ser produzidos. Em contrapartida, Chevrolet Onix, Hyundai HB20 e Renault Kwid ainda resistem, embora enfrentem a crescente concorrência dos SUVs compactos.
A Renault optou por não trazer ao Brasil a terceira geração do Sandero, lançada na Europa em 2020, tampouco o Clio. A aposta da marca recai sobre o Kardian, um SUV de porte compacto que reflete a nova realidade do setor: hatches tradicionais dão espaço a modelos mais altos e lucrativos.