A Voepass, companhia aérea que teve suas operações suspensas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) na última terça-feira (11), volta ao centro das atenções com novas denúncias sobre falhas na manutenção de suas aeronaves.
Um mecânico que trabalhou na empresa antes e depois do acidente de agosto de 2024, que matou 62 pessoas em Vinhedo (SP), revelou em entrevista ao “Fantástico” que a companhia operava com deficiências estruturais graves.
Segundo ele, a Voepass não fornecia suporte adequado para a equipe de manutenção, incluindo a falta de materiais, ferramentas e componentes essenciais para os reparos. O profissional também afirmou que a aeronave que caiu, identificada pelo apelido “Papa Bravo”, era a que mais apresentava problemas e que os alertas sobre suas falhas foram ignorados.
“A gente avisava que o avião estava ruim, a manutenção sabia que o avião estava ruim, reportava, falava, avisava, e eles queriam obrigar a gente a botar o avião para voar”, afirmou.
O mecânico ainda relatou que, mesmo após a tragédia, a postura da empresa não mudou. Segundo ele, aeronaves paradas na sede da Voepass, em Ribeirão Preto, eram desmontadas para fornecer peças a outros aviões, prática conhecida como “canibalização”.
Embora permitida dentro de normas específicas, ele alega que a empresa fazia isso de maneira irregular. Além disso, a Voepass teria coberto aeronaves com lonas antes de uma vistoria da Anac, supostamente para esconder irregularidades.
Em nota ao “Fantástico”, a Voepass afirmou que sempre priorizou a segurança e que pretende retomar as operações o mais rápido possível. A empresa destacou que o relatório preliminar do Cenipa confirmou que a aeronave acidentada estava com certificação válida e sistemas operacionais. Sobre a reutilização de peças, disse que segue os protocolos regulatórios e que nunca tentou burlar fiscalizações.