Milhares de foliões tomaram a Rua da Consolação, em São Paulo, neste domingo (09), para acompanhar o tradicional bloco de Daniela Mercury, a Pipoca da Rainha. Daniela foi recebida sob aplausos e gritos e, logo de início, fez questão de destacar duas causas importantes: a preservação ambiental e o respeito aos povos indígenas. Ela também aproveitou a ocasião para homenagear as mulheres, em alusão ao Dia Internacional da Mulher, celebrado neste sábado, 8.
Antes da apresentação, Daniela conversou com jornalistas em uma coletiva de imprensa. Falou sobre sua trajetória no axé e a importância de celebrar os 40 anos do gênero, do qual é uma das principais precursoras.
Nas palavras da artista este foi um Carnaval “espetacular” e “importante para o gênero”. Daniela Mercury emplacou “Axé Salvador” como um dos hits da temporada.
Ela lembrou que o caminho do axé não foi fácil e exigiu coragem e inovação para ser aceito como um movimento legítimo dentro da música popular brasileira. “Eu me lembro que quando eu cantei a primeira vez com o Tom e Chico, eles disseram assim: ‘Você vai fazer MPB.’ Eu disse: ‘Eu estou fazendo MPB.’ Eu fico muito orgulhosa como mulher, de ser precursora de um gênero novo. Porque precisou de muita pesquisa, de muita invenção, de coragem. Porque tudo que é novo é estranho. Tudo que é novo, às vezes, as pessoas não gostam”, refletiu.
Durante a conversa, Daniela também destacou a relação especial que construiu com São Paulo ao longo de sua carreira. “São Paulo faz parte da minha vida. Não posso contar essa história de 40 anos sem contar a história do Masp, do Anhangabaú. Sem contar toda essa trajetória de confirmação, inclusive do próprio Carnaval”, afirmou.
Ela também mencionou homenagens a importantes figuras da cultura brasileira, como Kaká Diegues, Fernanda Torres, Fernanda Montenegro e Zé Celso. Este último, segundo Daniela, foi lembrado em sua canção “Bye Bye”. “Eu fiz a última música que ele compôs, a Cunaíma”.
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A artista ainda ressaltou a importância do axé como um gênero que transcende fronteiras e une diferentes tradições culturais. “Axé Salvador é uma canção que virou um hino. Pra mim é um novo canto da cidade. Um samba afro, samba reggae, que fala da importância do samba renovado na Bahia pra o axé existir e ter tanta importância, tanta relevância na música popular brasileira”.
No bloco deste domingo, ela apareceu vestida de borboleta, em um figurino vibrante de linho e asas coloridas, representando transformação e liberdade. “Eu tô vestida de borboleta. Porque a música fala que eu desejo rimar uma orquestra com cem mil borboletas. Que a gente, através da música, pense que a gente tá conectada”.
O bloco da artista segue pela Rua da Consolação durante a tarde deste domingo.