Durante os últimos seis anos, Jéssica Senra apresentou o telejornal diário de maior audiência na Bahia. No Bahia Meio Dia, a postura firme e a habilidade para tratar de temas delicados – com os famosos “textões” – repercutiram muito além do jornalismo baiano. Há dois meses, ela decidiu mudar de rumo. Pediu demissão, se recolheu e, desde então, todos queremos saber “Por onde anda Jéssica Senra?”. Ontem, ela voltou a publicar nas próprias redes sociais e hoje responde a essa pergunta – e a muitas outras – num raro momento em que se permite trocar de lugar e ser A notícia.
Flavia Azevedo [Jornal Correio] – A primeira pergunta que tenho pra você é, claro, a que a Bahia inteira está se fazendo há dois meses: por onde anda Jéssica Senra?
Jéssica Senra – Olha, para ser bem sincera, o lugar onde eu mais tenho estado é dentro de mim mesma. Eu tirei umas semanas para descansar, para desconectar do mundo externo, para baixar o volume dessas vozes de fora e me reconectar comigo mesma, com a minha própria voz. E eu me reconecto melhor com solidão e natureza. Então, eu fiquei muitos dias dentro de casa mesmo. Minha casa é meu lugar de aconchego. Eu estive também em Garapuá, na ilha de Tinharé. Comecei o ano ali, com as bênçãos do mar. Passei uns dias também no Vale do Capão, na Chapada Diamantina – que é outro lugar mágico para mim aqui na Bahia – tomando o banho de rio, com as bênçãos de mamãe Oxum. E agora, Carnaval, eu fui para o sul da Bahia, ali na zona rural de Barro Preto, na terra do Cacau Cabruca, sentir a energia da Mata Atlântica. Aquele clima gostoso de lá. A Bahia é um país, né? A gente costuma dizer “meu país Bahia”. E realmente aqui tem lugares lindíssimos, de uma natureza inigualável e um povo acolhedor. Eu fui muito bem recebida em todos esses lugares. Na estrada, nos restaurantes, pousadas, passeios, enfim. Aproveito até esse momento pra agradecer demais o carinho das pessoas num momento como esse. É muito bom ouvir que as pessoas sentem saudade, é muito bom saber que sou amada e eu sinto o povo da Bahia assim, muito, muito carinhoso comigo. Isso é um privilégio, isso é um presente. Então, é por aí que eu ando, por lugares mágicos da Bahia e por caminhos internos que eu preciso redescobrir.
Por falar em caminhos internos, intimidade e conforto, num mundo de pessoas cada vez mais autorreferentes, que matam e morrem – muitas vezes literalmente – por engajamento, qual é a linha que separa “público” e “privado”, em sua vida?
Eu sou uma pessoa muito reservada. Intimidade, pra mim, é algo muito sério, que a gente constrói a partir de uma troca. A gente se abre de um lado, compartilha nossas particularidades, nossas questões e nossas fragilidades pra outra pessoa que também compartilha. Aí é que a gente vai aprofundando a intimidade. Meu trabalho já me coloca em um lugar de exposição muito grande. Então, eu acho que esgotei minha cota da exposição e mantenho só o meu trabalho de maneira pública. Busco cuidar da minha vida pessoal de maneira privada para as pessoas que compartilham comigo, que trocam comigo. Então, esse é mais ou menos o meu limite.
Mas é justamente pela exposição profissional que há uma curiosidade sobre a vida pessoal de quem está em evidência. Como você lida com essa demanda?
Entendo que as pessoas tenham curiosidade sobre a vida das outras, eu também tenho. Gosto de saber como pessoas que eu admiro são na vida privada, o que elas fazem. Adoro ver a casa das pessoas, amo quando elas mostram a casa. Mas eu sou mais reservada mesmo e acabo compartilhando, da minha intimidade, só as coisas que eu acho que podem acrescentar para quem me segue. Então, posso compartilhar um momento da minha privacidade lendo um livro que eu estou gostando e quero recomendar. Passei muitos anos treinando karatê todos os dias e eu postava como uma forma de incentivar as pessoas a fazerem atividade física também. Às vezes, compartilho momentos em que estou com pessoas queridas, como uma forma de fazer uma declaração pública, porque pra algumas pessoas isso tem um peso, um significado. Gosto de ajudar a fortalecer quem está do meu lado, então meus amigos músicos, atores, artistas, por exemplo, se eu puder divulgar o trabalho, divulgo.
Durante os últimos seis anos, você esteve todos os dias na tela, por muito tempo e pra muita gente. Quais são as perdas e os ganhos pessoais de uma exposição diária e tão intensa?
Entrar na casa das pessoas que, diante de tantas opções, escolheram estar comigo todos os dias, foi um privilégio imenso! Obviamente, isso provocou muitos ganhos profissionais e é difícil, pra mim, separar o pessoal do profissional. Eu tenho o trabalho como prioridade na vida, então essas coisas acabam interligadas. Foi esse sucesso que me possibilitou ter certos acessos que não tive na minha infância e juventude. O ganho profissional repercute na minha vida pessoal, seja em termos materiais ou pessoais, inclusive na construção da autoestima. Quando a gente se vê valorizada pelos olhos do outro, muitas vezes acaba se convencendo do próprio valor. Essa preferência do público me deixa honrada e me traz um ganho pessoal no sentido de me sentir muito querida. O público baiano é muito amoroso comigo. Acho que há um ganho pessoal no sentido de me sentir pertencente, amada e querida pelo meu próprio povo. Pessoalmente, esse é o maior ganho que tive nessa exposição diária.
E sobre as perdas?
Acho que perdi um pouco de saúde mental. Desenvolvi um transtorno de ansiedade, períodos de depressão, princípio de burnout, mas eu tenho privilégio de poder tratar e estou tratando todas essas questões. Acho que o jornalismo é muito estressante, muito exaustivo. Quem é jornalista, é jornalista 24 horas por dia, então a gente está o tempo inteiro consumindo informação, conversando com fonte, pensando em pauta, refletindo sobre temas, aprofundando, estudando. Na posição em que eu estava ali – de âncora, com liberdade para falar o que eu penso – havia uma responsabilidade muito grande. Então, isso também me trouxe um desgaste emocional imenso que, como eu disse, estou trabalhando, tratando e transformando em aprendizado e amadurecimento. Então, é uma perda com ganhos, digamos assim. Acho que o que eu perdi mesmo é pelo fato do “ao vivo” você ter que estar presente, não poder fazer um home office. É sábado, domingo, feriado, sempre trabalhando. Então, acho que perdi muito tempo de convivência com minha família e meus amigos, e isso a gente não tem como recuperar.
Você optou por uma postura de opiniões fortes. Quais são os princípios que conduziram essas opiniões?
O princípio básico que norteia as minhas opiniões é, simplesmente, a defesa da legislação brasileira. A Constituição Federal, no seu artigo 5º, diz que todos nós somos iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. Então, quando eu faço uma denúncia do machismo, do patriarcado, das violências que as mulheres sofrem, eu estou fazendo a defesa dessa lei, desse pacto social, das regras que falam sobre nossos direitos e deveres para que a gente viva em sociedade. Nós pactuamos, na lei brasileira, que seríamos tratados sem distinção de qualquer natureza, independentemente do nosso gênero, da nossa raça, da nossa classe social, da nossa orientação sexual, enfim.
Mas essa não é uma postura comum no jornalismo…
É papel de jornalista fiscalizar que a lei seja cumprida, fiscalizar a sociedade, denunciar os desrespeitos e os absurdos. Então eu, na verdade, estava sempre exercendo o meu papel, talvez com um pouco mais de consciência. Eu fui buscar compreender melhor as raízes dessas estruturas, machistas, racistas, LGBTfóbicas, gordofóbicas, classistas… fui buscar entender essas estruturas para explicar melhor e dar ferramentas para a sociedade. É papel do jornalista também informar, esclarecer, formar opinião. Então, eu sempre estive dentro do meu papel, embora muitas vezes esse papel não seja exercido no dia a dia por jornalistas, porque confundem o significado de “imparcialidade”. Eu acho que o jornalista deve sim se indignar, mas claro, de um outro lugar, diferente do público. A opinião do jornalista precisa ter embasamento e esse olhar para a coletividade, para a legislação, para a civilidade e para a melhoria da nossa sociedade.
Você se lembra de quando, pela primeira vez, tomou contato com a violência de gênero, o machismo e a misoginia?
Eu demorei pra perceber o machismo, porque eu sou filha de uma mãe solo, meus pais separaram quando eu era muito nova. Eu fui criada por minha mãe, uma mulher que quando se separou voltou a estudar, foi trabalhar e cuidar de três filhos. O mais novo tinha oito meses de idade. Isso tudo sem babá, sem funcionários em casa, sem nada. Eu não sei como ela conseguiu. Era ela, por exemplo, quem trocava resistência de chuveiro. A gente tinha um carrinho velho que toda hora furava o pneu e era minha mãe quem descia do carro e resolvia. Então, eu cresci vendo minha mãe fazer absolutamente tudo, sabendo uma mulher pode fazer tudo. Ela criou os três filhos da mesma maneira, sem diferenciação. Eu tenho uma irmã mais velha e um irmão mais novo. As tarefas domésticas, quando a gente foi crescendo, minha mãe dividia entre os três filhos. Eu só fui perceber o machismo, de fato, no mercado de trabalho.
De que maneira?
Sofri inúmeras violências, mas primeiro nem entendia, de tão naturalizado que isso é na sociedade. Comecei a trabalhar com 13 anos, como modelo, e assédio era a coisa mais corriqueira que a gente sofria ali. Então, eu naturalizei violências muito cedo. Mais tarde é que fui começar a entender o machismo, ao me perceber trazendo certos resultados – iguais ou melhores do que colegas homens – e o reconhecimento deles era muito maior do que o meu. A partir daí, fui tentar entender como o machismo funciona, de que forma ele atua. Uma das formas é essa, naturalizando, normalizando tanto que a gente nem se questiona. Então, questionar, problematizar e explicar e nomear, eu acho que é extremamente importante para que a gente consiga combater esse machismo tão violento que a gente vive.
Que mudanças – pro bem e pro mal – você percebeu no cenário da relação entre gêneros, nos últimos anos?
A “relação entre gêneros” é um negócio bem amplo. Se a gente falar só sobre a violência contra a mulher, eu não sei dizer se aumentou, se a gente está sabendo mais, se a gente está denunciando mais as violências. Acho que hoje a informação chega melhor, só que o processo é lento para mudar. Desde a informação chegar até a mulher conseguir utilizar essas informações para que se proteja mais… e aí eu falo para a mulher, apesar de nós sermos as vítimas, porque estando nesse lugar da gente, tem que se proteger mesmo. Enquanto isso, homens agressores precisam parar de agredir, mas eu não conto muito com a colaboração masculina, porque os que não agridem muitas vezes são coniventes no sentido de silenciar. Eu sei que nem todo homem é agressor, mas também nem todo homem levanta a voz pra criticar um amigo que comete uma atitude machista ou violenta, né?
E nos outros âmbitos? Que mudanças você percebe?
Acho que a gente avança muito lentamente, os espaços de maior poder são os mais difíceis de acessar, porque, de fato, há um grupo masculino que tem todos os acessos e um grupo feminino impotente. É por isso que a gente fala tanto de “empoderamento”. Por exemplo, eu acho que na política aqui no cenário baiano, a gente tem boas mulheres querendo se envolver na política, mas uma barreira demarcada ali sobre até que ponto, até onde essas mulheres vão e que não sejam muitas. No mercado corporativo tem também o chamado “teto de vidro”, né? Aquele lugar máximo onde mulheres podem chegar dentro das corporações. Os postos mais altos geralmente são ocupados por homens. Mulheres chegam a cargos de gerência, certas diretorias, mas o cargo de CEO, se ela não for fundadora da própria empresa, é mais difícil de chegar sendo promovida. Então, acho que ainda há o que avançar rumo aos espaços de poder.
Você é uma mulher muito bonita e completamente dentro dos padrões, concordemos ou não com eles. Mesmo assim, deve sofrer pressões estéticas porque todas nós sofremos. Como é a sua autoimagem? Você se percebe bonita?
Olha, eu me acho bonita sim, mas tenho grandes complexos com meu corpo. Eu iniciei minha carreira profissional como modelo ainda adolescente, ainda em formação. Embora isso tenha sido muito bom para o meu amadurecimento, eu sei que gerou muitos impactos, porque muito cedo eu fiz uma associação entre corpo e aceitação, corpo e pertencimento, já que eu ia para testes de desfiles, de fotos. Às vezes eu passava por uma sala de avaliação ali vestida de biquíni, desfilando com o salto alto. Aí vinha alguém com a fita métrica e dizia “mais de 90 centímetros de quadril você não desfila, então fora”. Então, nunca tive uma relação boa com o meu corpo. Acho meu corpo bonito, eu sou uma mulher padrão, como você bem disse, mas quando eu me olho no espelho, ao invés de olhar e ficar feliz, eu sempre estou batendo os olhos nos defeitos. Estou aprendendo agora a amar, abraçar e a ser mais acolhedora com meu corpo e aprender a enxergar a beleza nas formas autênticas de ser.
Ainda nesse tema, você já recorreu a “tratamentos” controversos do tipo chip da beleza, ozempic e afins?
Já, claro! Eu faço dietas desde os 13 anos! Então, claro que em algum momento aparecem essas outras soluções para ajudar nesse processo de chegar a um corpo padrão impossível. Falo por uma questão de honestidade, não para inspirar, nem ser exemplo para ninguém. Acho que em alguns casos é muito arriscado. Lembro de, aos 20 anos, ter usado uma fórmula que uma amiga fez. Eu fiz a fórmula pra mim também e essa fórmula tinha uma anfetamina que posteriormente desencadeou, em mim, um processo de depressão. Então, é muito sério. Hoje, faço com acompanhamento médico, mas utilizo sim.
Normalmente as pessoas não assumem que usam esses recursos…
Olha, quem trabalha com o corpo faz uso constantemente. Não todo mundo, certamente há exceções, mas do que eu conheço, sei que as mulheres têm muita vergonha de dizer que usam. A gente não gosta de admitir porque é surreal que a gente seja pressionada a ser magra e ainda tem que ser magra daquela determinada forma, não pode ser de qualquer jeito. A gente é criticada o tempo todo. Se você não é padrão, você é criticada. Se você é padrão, mas não é padrão daquele jeito você é criticada. A gente tá sempre errada, então as mulheres preferem, muitas vezes, dizer que o corpo é natural.
Como é a sua relação com a ideia de ser mãe?
Eu sempre tive certeza de que seria mãe. Eu sempre gostei de criança, sempre fui bem maternal e ainda sou de uma geração em que não se perguntava “você quer ser mãe?”. Para mim, as perguntas eram “quantos filhos você quer ter?”, “você quer ter meninos ou meninas?”, “com quantos anos você vai ter?”. Eu ainda fui criada para encontrar a realização na família, nos filhos. Essa é uma grande diferença de gênero. Os homens são estimulados a se realizar nas suas carreiras, nas suas profissões. As mulheres são criadas para viver o conto de fadas com o “felizes para sempre”. E nada é mais distante da realidade do casamento do que um “felizes para sempre”, para a maioria das pessoas. Então, eu sempre achei que seria mãe, mas o tempo foi passando, o trabalho foi virando o meu foco principal, minha missão mesmo, meu propósito. Hoje, aos 41 anos, eu caminho cada vez mais para não ser mãe, mas congelei óvulos, porque sou geminiana e gosto de ter a possibilidade de mudar de ideia. Mas tenho percebido que não faz mais sentido para mim colocar uma criança no mundo. Acho que criar um filho, ter um filho, é o maior projeto que uma pessoa pode ter, se ela realmente se engajar. E eu, na verdade, tenho outros projetos. Acho que a maternidade acabaria tirando meu foco, minha energia e até a minha vontade de realizar esses outros projetos.
Imagino que você esteja, agora, em um momento de mais tempo livre do que costumava ter, nos últimos anos. Considerando as culpas comuns a todos nós e a clássica dificuldade feminina em lidar com “descanso”, a minha pergunta é: você tem saboreado esse momento?
Justamente considerando as culpas comuns a todos e a clássica dificuldade feminina em lidar com o descanso, eu realmente não tenho saboreado este momento como eu deveria. Realmente, o mais desconfortável desse período foi essa culpa martelando o tempo inteiro na minha cabeça de que eu deveria estar fazendo alguma coisa, de que eu deveria estar produzindo, de que eu deveria estar falando com alguém, de que eu deveria estar planejando meus próximos passos ou de que eu deveria estar trabalhando. Eu não consigo relaxar, eu não consigo ter momentos de descanso e de um lazer, digamos, inútil. Se eu for ter um lazer, precisa ser um filme, um documentário. Se eu vou ver uma série, tem que ser algo profundo. Eu não me permito, eu não me autorizo ao ócio absoluto. Estou me trabalhando para isso porque eu entendo que muitas vezes o tédio é necessário para a criatividade, além de o descanso ser essencial pra gente não ter um burnout. Eu tenho uma voz interna que é muito dura comigo, mas estou aprendendo a administrar essa voz e ser mais amorosa comigo mesma.
Minha última pergunta: você já é a pessoa que queria ser quando crescesse?
Olha, eu nunca pensei sobre isso, viu? Mas, meio que voltei agora aqui pra minha infância, sabe? Pra tentar me lembrar do que eu queria ser quando crescesse. Eu sei que essa é uma pergunta que você tá falando num sentido amplo. Do ser humano que eu gostaria de me tornar. E me emocionei aqui pensando que eu acho que aquela menina se orgulharia muito dessa mulher que eu tô me tornando. Acho que eu ainda sou um ser em construção. Eu sinto muito profundo que uma das minhas missões aqui nessa vida é um autoconhecimento, um desenvolvimento pessoal. Eu me dedico profundamente a isso. Tinha muitas coisas em mim que eu não gostava na minha infância, adolescência, juventude e que eu consegui melhorar. Eu era, por exemplo, uma pessoa muito explosiva. Hoje eu falo isso, tem gente que olha pra mim e não acredita porque eu fui pra um polo diferente e consegui uma paz, um equilíbrio, uma estabilidade. Eu consegui, pelo menos, não explodir. Eu explodia e me arrependia depois. Os gatilhos emocionais eram os traumas falando e duas coisas me ajudaram muito: a meditação e a terapia. Tenho orgulho disso em mim e tenho orgulho da minha trajetória, tenho orgulho do que eu fiz com os meus erros. Tenho arrependimentos na vida, tem coisas que eu fiz que eu me envergonho profundamente e que eu gostaria de não ter feito. Mas não sendo possível voltar atrás, me consolo sabendo que eu aprendi com esses erros e que passei agir diferente.