Peixe-leão é encontrado na Bahia pela primeira vez e acende alerta ambiental

Peixe-leão é encontrado na Bahia pela primeira vez e acende alerta ambiental

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Antonio Dilson Neto

Matheus Lemos|Ascom/Sema

Publicado em 18/02/2025 às 11:25 / Leia em 4 minutos

Pela primeira vez, um exemplar do peixe-leão (Pterois volitans), uma espécie invasora e ameaça ao ecossistema marinho, foi registrado na costa da Bahia. O animal foi localizado em Morro de São Paulo, no Baixo Sul do estado, durante uma operação de monitoramento realizada por uma equipe multidisciplinar da Secretaria do Meio Ambiente (Sema) e do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema).

O peixe, que mede cerca de 10 centímetros e tem aproximadamente um ano de vida, foi capturado e encaminhado ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) na sexta-feira (14).

Agora, será submetido a análises em parceria com a Universidade Federal da Bahia (UFBA) para entender melhor sua presença na região.

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Matheus Lemos – Ascom/Sema

 

Ameaça ambiental

Originário da região Indo-Pacífica, o peixe-leão se espalhou pelo Oceano Atlântico sem predadores naturais, competindo por alimento e ameaçando a biodiversidade marinha. Segundo o secretário estadual do Meio Ambiente, Eduardo Mendonça Sodré Martins, a descoberta levou o governo a notificar prefeituras do litoral, órgãos ambientais, a Secretaria da Saúde, a Bahia Pesca e a Marinha do Brasil.

“Agora, iniciaremos a implantação de um plano de resposta rápida, seguindo diretrizes do Manual de Alerta, Detecção Precoce e Resposta Rápida do Ministério do Meio Ambiente. Já temos uma equipe multidisciplinar que atua no controle de bioinvasores, como o octocoral na Baía de Todos-os-Santos, e que agora irá se dedicar também ao monitoramento do peixe-leão”, afirmou.

A presença do peixe-leão na Bahia é um ponto de preocupação para cientistas e ambientalistas. A oceanógrafa da Sema, Alice Reis, explica que ainda não se sabe se o animal foi levado por correntes marítimas desde Pernambuco, onde sua população cresce rapidamente, ou se já há reprodução local. “Se esse último cenário se confirmar, significa que há mais exemplares em nossa costa, tornando essencial que pescadores, mergulhadores e banhistas fiquem atentos e notifiquem novos avistamentos”, destacou.

A descoberta

O primeiro avistamento foi feito pelo mergulhador profissional Diego Marques, morador de Morro de São Paulo. “Eu estava em uma atividade próxima à costa quando vi o peixe. Ele me chamou atenção porque nunca havia visto essa espécie por aqui. Registrei e informei as autoridades. Depois, o Inema entrou em contato para fazer a captura”, relatou.

A equipe de resgate precisou de múltiplos mergulhos para localizar o animal nos recifes de corais, seu habitat natural. “Usamos redes especiais e luvas reforçadas para evitar contato direto com os espinhos venenosos do peixe, que podem causar dor intensa e reações alérgicas”, explicou o bólogo marinho do Inema, Eduardo Barros.

Riscos

A grande preocupação com o peixe-leão se deve ao seu potencial de proliferação descontrolada. Na fase adulta, pode atingir até 47 centímetros e portar 18 espinhos venenosos. “Esse predador se alimenta de diversas espécies da fauna local e, sem inimigos naturais, pode causar danos irreversíveis ao ecossistema”, alertou o veterinário do Cetas/Inema, Marcos Leônidas.

Ele também reforça que, em caso de contato acidental, é fundamental buscar atendimento médico imediato. “A toxina do peixe-leão pode causar sintomas como necrose no local da ferroada, náuseas, febre e até convulsões. Portanto, ninguém deve tentar capturá-lo sem o devido preparo”, orientou.

Como agir?

A Sema e o Inema seguem monitorando a situação e reforçam a importância da colaboração da população. Em caso de avistamento do peixe-leão, a recomendação é não devolvê-lo ao mar em caso de pesca acidental e acionar imediatamente as autoridades. As notificações podem ser feitas pelo Disque Denúncia (0800 071 1400), pelo e-mail denuncia@inema.ba.gov.br ou pelo WhatsApp de resgate (71 99661-3998).

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