Preta Gil, 50, revelou que passará por um tratamento experimental contra o câncer em Nova York, nos Estados Unidos, em abril deste ano. A cantora deu detalhes sobre a nova fase do tratamento em entrevista ao Fantástico no último domingo (16).
Ela teve alta hospitalar semana passada após ficar 55 dias internada em São Paulo, depois de ser submetida a uma extensa cirurgia que levou 21 horas e retirou parte do seu aparelho digestivo e de seu sistema linfático.
Preta contou a Maju Coutinho que tem sido parabenizada pela equipe médica e explicou que foram eles que recomendaram o tratamento experimental nos Estados Unidos. “Eles são muito otimistas de que eu vou ficar bem para próxima etapa: vou para os Estados Unidos para fazer um tratamento lá”, disse. “Então, em abril, parto para Nova York para fazer um tratamento lá com medicamentos novos. Medicamentos que estão em fase final de estudo”, acrescentou.
Experimental
A oncologista Patrícia Maira Torres Costa comentou sobre o caso de Preta na internet. “A Preta Gil falou no Fantástico que fará um tratamento experimental nos Estados Unidos, mais especificamente em Nova York. Ela recentemente passou por uma cirurgia muito agressiva que, pela recidiva do tumor, tinha lesões no peritônio e ela tirou 6 tumores, fez uma peritonectomia e quimioterapia intraperitoneal”, explica.
Segundo a médica, o tratamento cirúrgico da artista é muito agressivo. “É uma cirurgia muito difícil e que só fazemos em pacientes selecionados. Digamos que ainda não está nas rotinas de tratamento. Então ele é feito só em pessoas super selecionadas, que é o caso da Preta Gil, que tem condições físicas de ter uma boa performance, e também condições financeiras porque esse tratamento causa, além de muita toxicidade, também desnutrição. O paciente precisa estar muito preparado para conseguir sobreviver a ele”, afirma.
Mas o que é um tratamento experimental? “Na verdade, é um tratamento que ainda não está aprovado para esse fim. Existem tratamentos experimentais para várias doenças. E quando esse tratamento é experimental, ele deve ser administrado para o paciente, feito para aquele paciente diante de estudos clínicos, ou seja, o paciente vai participar de um estudo clínico, que é provavelmente o que a Preta Gil vai fazer”, esclarece a médica.
“Na verdade, quando pensamos em câncer de intestino, nos outros tumores, avaliamos as mutações que esse tumor tem para a gente ver tratamentos direcionados. Hoje temos a medicina de precisão, a medicina personalizada… Não sei se no caso da Preta Gil ela tem alguma mutação acionável, ou seja, preditiva, que é uma mutação que possa ter algum tratamento que seja efetivo. Mas ela deve fazer porque existem várias drogas novas saindo, inclusive imunoterapia para quem não tem estabilidade de microssatélite (biomarcador que indica o quão estável é o DNA de uma célula)”, completa.
De acordo com a oncologista, existem drogas novas e provavelmente serão esses medicamentos que a Preta Gil usará. “Mas como a Preta disse, esse medicamento está em fase final de estudo, então, provavelmente, ela pode usar essa medicação também sem ser no estudo, porque, às vezes, essa medicação já é aprovada para outras patologias”, explica.
“Porque o que não se pode é usar o remédio que já mostrou que não tem eficácia nenhuma ou que tem muita toxicidade. Então, provavelmente, é um remédio que já tem eficácia comprovada, mas que ainda não tem uma aprovação. Por isso ainda é experimental. Para isso, tem que ir para outro país, precisa ter condições financeiras. E como ela mesma disse na entrevista, ela tem esse privilégio, porque, infelizmente, nem todo paciente tem e, principalmente, se os pacientes estão no SUS, onde é muito mais difícil o acesso”, conclui.