As chefs baianas Ana Célia, do Zanzibar, em Salvador, e Ieda de Matos, do Casa de Ieda, em São Paulo, estão em Brasília. As conterrâneas estarão juntas na cozinha, nesta terça-feira (18), quando cozinham para o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.
Na capital federal, as baianas cozinharão para cerca de 200 convidados, em jantar especial no Palácio Itamaraty. O menu, claro, passeia pela cozinha baiana, a sertaneja e a de dendê, com ingredientes que contemplam biomas da Caatinga, do Cerrado e da Mata Atlântica, com preparos que resgatam influências afro-indígenas.
O presidente português chegou ao Brasil no domingo (16) para uma visita de estado, acompanhado do primeiro-ministro, Luís Montenegro, e de uma delegação de cerca de 10 ministros. A comitiva ficará no Brasil ao longo da semana para encontros com Lula e com os chefes dos outros poderes, além de participar da 14ª Cimeira Brasil-Portugal, evento que reunirá líderes dos dois países para discutir e fortalecer a cooperação bilateral em diversas áreas.
Conheça as chefs
Apesar de ter a gastronomia como um laço familiar da infância, foi quando chegou a São Paulo e depois de tentar outras profissões, que Ieda de Matos decidiu realizar o antigo sonho de viver em meio às panelas. Profissionalizou-se, fez estágios na Bélgica e, quando voltou ao Brasil, resolveu investir em comida de rua. Deu vida ao Bocapiu, em que serviu receitas nordestinas por três anos, antes de abrir um ponto fixo que celebra sua história, o Casa de Ieda, que serve os sabores de sua terra natal, a Chapada Diamantina. Ali, traduz o sabor da sua memória em receitas pensadas com afeto e carinho.
Já Ana Célia aprendeu a cozinhar morando com sua tia Gertrudes, que trabalhava no antigo Hotel da Bahia. Anos depois, mais envolvida no movimento negro, viu despertar em si o desejo de criar um espaço para gente preta, quando nasceu o Zanzibar, atualmente no Santo Antônio Além do Carmo. Com 46 anos de história, o restaurante é reconhecido pelo sabor e pela valorização da ancestralidade, sendo também um espaço cultural, um reduto que parte da comida africana e suas releituras, para resgatar sabores e saberes sobre a história de um povo.