De origem paulista, a coxinha surgiu no século XIX durante a industrialização de São Paulo. O salgado brasileiro veio para ser uma substituição mais barata e mais durável das tradicionais coxas de galinha, que eram vendidas nas portas de fábricas. De lá pra cá, o quitute já passou por algumas transformações em seus recheios. Aqui na Bahia, por exemplo, podemos encontrar sabores como polvo, siri, de moqueca e até de vatapá.
Um outro sabor especial de coxinha também pode ser encontrado na capital baiana: o de rabada. A chef baiana Sidna Marla acrescentou o aperitivo no menu do restaurante em que comanda a cozinha, o Bistrô 9, que fica no Mercado São Miguel – tradicional espaço na Baixa dos Sapateiros que teve sua 1ª estrutura em 1965, sendo abandonado em 1980 e, em 2020, entregue reformado e ativo pela Prefeitura de Salvador.
Chef Sidna Marla comanda a cozinha do Bistrô 9.
A coxinha de rabada entrou no cardápio há dois anos e virou um sucesso. Desde então, ela é o petisco mais pedido do restaurante, já ganhou – ao lado da rabada com agrião na moranga – o concurso Panela de Bairro (2023), da Rede Bahia, e já foi provada e aprovada por nomes como Léo Santana, Dan Vasco e Tonho Matéria. O valor do prato é R$ 39 (porção com seis unidades).
“Posso dizer que 90% do nosso público chega na intenção de experimentar a coxinha de rabada. A ideia de fazer ela veio por conta da nossa demanda de vendas da rabada com agrião, que é nosso campeão de vendas no menu principal. Inventei para que os clientes tivessem a possibilidade de experimentar nossa rabada como petisco e também combinar com o prato principal da casa“, conta Sidna.
Além de molho de pimenta, a coxinha de rabada acompanha molho de pimentão vermelho ou biribiri.
Crocante, a coxinha de rabada do Bistrô 9 pode vir acompanhada com duas opções de molhos: o de pimentão vermelho e de biribiri – fruta azeda que ganha um sabor especial no condimento. A chef revela o segredo da iguaria: “A receita dela, pra ser crocante assim, é a farinha de panko que a gente usa. Isso deixa ela mais gourmetizada, mais gostosa e crocante, claro. Normalmente, as pessoas usam somente a farinha de trigo para empanar“.
Comida afetiva de interior
De Nazaré das Farinhas – cidade do Recôncavo Baiano -, Sidna criou o menu do restaurante influenciado por comidas tradicionais do interior. Além da rabada com agrião, há opções como quiabada, sarapatel, cozido, mininico de carneiro, mocotó, dobradinha, maniçoba e moquecas (de arraia ou camarão). Ah, claro também tem as feijoadas tradicional (feijão mulatinho) e carioca (feijão preto), que estão entre as mais pedidas no final de semana.
O cardápio do restaurante é composto por comidas tradicionais em cidades do interior da Bahia.
Administrado por Sidna e o marido – Mauricio Ramalho -, o Bistrô 9, que tem o selo Donas do Sabor (voltado para espaços com gastronomia comandada por mulheres), existe há cerca de cinco anos no Mercado São Miguel. Com decoração rústica e conceito apurado de restaurantes de cidades do Recôncavo da Bahia, o local oferece pratos que variam entre R$ 28 e R$ 35 (para 1 pessoa) e R$ 35 e R$ 65 (2 pessoas).
“A gente traz o melhor da comida afetiva, proporcionando aos clientes o sabor do interior, resgatando essas memórias, mas apresentando de uma forma mais sofisticada. Preservando também a cultura dos pratos, que é importante, mas trazendo uma forma mais requintada e apurada, desde a apresentação até o nosso espaço“, ressalta Sidna.
Restaurante fica em um dos boxes do Mercado São Miguel.
O funcionamento do Bistrô 9 é de terça-feira a sábado, das 10h às 17h, e domingo das 10h às 15 horas. Mais informações no perfil do Instagram: @bistronove.
Mercado São Miguel
Uma pérola do Centro Histórico de Salvador, o Mercado de São Miguel tem uma área de 4.460 m², sendo 1.671 m² de espaço construído. O local conta com 40 boxes para comercialização de itens diversos, além de bancadas de hortifruti e seis restaurantes – incluindo o tradicional Deco de Omolu, o mais antigo de lá. A estrutura possui elementos de acessibilidade, estacionamento com vagas para até 30 veículos e um santuário dedicado ao culto de São Miguel.
Mercado São Miguel (Foto: Divulgação)
O Mercado São Miguel é um símbolo do comércio da Baixa dos Sapateiros, tendo seu auge entre os anos de 1970 e 1980. Por lá, circulavam pessoas de diversas classes sociais e personalidades famosas, como os sambistas Batatinha, Riachão e Bezerra da Silva, e os escritores Jorge Amado e Jeová de Carvalho.
