Na quarta edição em 2025, o Festival Lusoteropolitana de Salvador acontece a partir da quinta-feira (6) até o próximo dia 16, nos espaços Sesc Senac Pelourinho, Casa do Improviso Salvador (Federação), Espaço Cultural Alagados e no Teatro Sesi Rio Vermelho. Com espetáculos criados e interpretados por artistas oriundos de países que falam a língua portuguesa, o festival é um dos contemplados pelo edital Gregórios – Ano IV -, com recursos financeiros da Fundação Gregório de Mattos (FGM), reunindo performances de teatro, dança, literatura, música, dança e oficinas para artistas e para o público em geral.
“Um dos nossos diferenciais para outros espetáculos é se arvorar a entrar em cena neste período do ano que, geralmente, é marcado pelo Carnaval e atividades similares. Ainda mais na Bahia, que atrai diversos interesses no campo da cultura durante o verão, além de atrair uma diversidade ainda maior de público oriundo de outros lugares. Isso faz desse festival algo diferente, além de integrar fortemente elementos de literatura nesse processo, buscando trazer, inclusive, a linguagem do cinema para os nossos territórios de apresentações”, destaca o ator, diretor e idealizador do projeto, Fábio Vidal.
O evento traz como recorte os países lusófonos, a exemplo de Portugal, Cabo Verde, Angola, Moçambique e, claro, o Brasil. “Com isso, criamos novos territórios a partir dessas fronteiras que a língua pode estabelecer nesses convívios artísticos, além de oferecer oficinas para diversos públicos, proporcionando um trânsito de saberes e fazeres para os participantes do Festival junto à população”, completa o idealizador.
Descentralização – A partir da edição deste ano, o projeto passou a apostar num processo de descentralização, incluindo novos espaços para apresentações, a exemplo do Espaço Cultural Alagados, no Uruguai, Teatro Sesi Rio Vermelho, local onde o Lusoteropolitana começou, e onde ocorrem as atividades formativas.
“Voltamos também a habitar as redes, com lives, com a participação de importantes realizadores e estudiosos brasileiros e de outros países, a exemplo do que fazíamos no início do projeto, como Dadivo José, de Moçambique, que fala da história do teatro africano, e de Francisco Pelé, dirigente do Festluso, um festival também lusófono de Teresina (Piauí), que completa 25 anos em 2025, além de oficinas e demais atividades formativas”, relata Vidal.
Programação – A programação deste ano, além da descentralização dos espaços, conta com uma temática mais diversa. Na sexta-feira (7), a dançarina portuguesa Teresa Fabião apresenta o espetáculo Una, no Sesc Senac Pelourinho, onde conta uma história autobiográfica sob a ótica de uma mulher soropositiva, tratando de forma pessoal as transformações no corpo e na identidade causadas pelo vírus HIV.
No dia 13 de fevereiro, também no Sesc Senac Pelourinho, o moçambicano Klemente Tsamba traz o espetáculo Dizcontos. A obra versa sobre a temática da imigração, lembrando o permanente estado de reconstrução de Moçambique, um país marcado pela guerra civil, e dos jovens que deixam o país em busca de seus sonhos na vizinha África do Sul.
Além disso, o projeto contempla espetáculos de música, dança, infantis, mesas literárias, lançamentos de livros, nos dias 6 e 13 de fevereiro, dando voz a escritores e escritoras baianos, num espaço de confluência, performances nacionais e de artistas lusófonos. A programação completa, lives e infomações sobre ingressos podem ser conferidos através da página do Festival Lusoteropolitana no Instagram (@lusoteropolitana).
“Temos a intenção unir artistas de países que falam português, muito também para questionar e tensionar a questão da colonialidade, assumindo que essa colonização existe e que a língua é um fator presente a partir desse dado histórico. Mas, entendemos que há diferenças e multiplicidades estabelecidas através dessa utilização da língua enquanto elemento de comunicação cultural”, afirma Vidal.
Histórico – O Lusoteropolitana iniciou as atividades no ano de 2022, no período pós pandemia de Covid-19, quando muitas manifestações artísticas ainda eram realizadas de forma on-line. Este é o primeiro ano que o Luso integra o edital Gregórios, da FGM, com direito a recursos para realizar a iniciativa.