Em meio a um momento delicado na política internacional com a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, diversas marcas têm feito questão de reafirmar seus valores e programas de diversidade. Uma delas é o Carrefour, empresa de origem francesa e com ampla atuação no Brasil.
Em entrevista nesta sexta-feira(24), Claudionor Alves, diretor executivo de equidade racial e relações institucionais do grupo Carrefour, destacou a importância que políticas afirmativas têm em sua vida e como isso foi necessário também para a sua ascensão dentro do mercado de trabalho.
“Sou preto, nordestino do interior da Bahia, cheguei a São Paulo aos 21 anos, apenas com a 4ª série do primário. Hoje, com 58 anos, sou formado em administração, curso direito e ocupo um cargo na diretoria do maior grupo varejista do Brasil. Não foi só mérito que me até trouxe aqui, mas ações afirmativas também”, diz.
Desde o início da semana, o Carrefour, que nos últimos anos tem se tornado uma marca destaque na luta antirracista, tem usado todas as suas plataformas para reforçar a necessidade de valorizar as diferenças e a “coragem de lidar com as resistências e em fazer a coisa certa mesmo quando o caminho não é o mais fácil”.
“Estamos usando todos os meios de comunicação para destacar que continuamos alinhados com as nossas diretrizes de equidade racial e de gênero, com as nossas metas de inclusão, que se mantêm no curto, médio e longo prazos”, afirma Alves.
Vale destacar que esta postura adotada pelo Carrefour surgiu após a empresa ser alvo de inúmeras denúncias de racismo contra seus clientes. Em uma delas, um homem negro morreu após ser espancado por seguranças terceirizados. Desde então, a marca tem se comprometido com ações e treinamentos antirracistas.
O objetivo da empresa é que até 2030 os cargos de liderança sejam ocupados 50% por pretos e pardos – hoje eles somam 35%, ocupando cargos de gerência ou coordenação. Entre os executivos (diretores, presidentes e conselheiros), a meta é atingir 20% de negros. Hoje, são 13%. Do total de 130 mil funcionários do grupo no Brasil, 60% são negros e 50,5% são mulheres.