Salvador será palco de uma pesquisa inovadora que busca monitorar áreas com maior concentração de calor, conhecidas como ilhas de calor. O objetivo é reforçar os planos e estratégias para proteger a população e os turistas dos efeitos da elevação térmica, uma das consequências mais visíveis do aquecimento global. Na última terça-feira (21), o pesquisador e professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal da Bahia, Paulo Zangalli Jr. esteve com representantes da Prefeitura de Salvador para discutir os detalhes do projeto, denominado Observatório do Calor (Heat Watch Campaign). O estudo, coordenado por Zangalli Jr., conta com o apoio da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional, do governo dos Estados Unidos, e será realizado em parceria com a Secretaria Municipal de Sustentabilidade, Resiliência, Bem-Estar e Proteção Animal e a Codesal.
A coleta de dados será realizada nesta quinta-feira (23) em todo o território continental de Salvador, além da Ilha de Maré, com o uso de sensores de medição de temperatura instalados nos veículos da Codesal. A equipe envolvida na iniciativa inclui dois docentes, quatro pesquisadores associados, seis doutorandos, oito mestrandos, sete estudantes de graduação, voluntários e equipes da Defesa Civil. Os dados obtidos serão analisados e disponibilizados em uma plataforma pública, garantindo transparência e acesso às informações para a população.
De acordo com Zangalli Jr., Salvador será uma das primeiras cidades da América do Sul a participar dessa campanha internacional de monitoramento. “Além disso, Salvador será a primeira cidade brasileira a ter todo o seu território continental monitorado, o que é uma inovação importante. O projeto tem um foco em justiça ambiental, buscando compreender como diferentes bairros são impactados pelo calor em situações de trabalho, deslocamento e lazer. Esses dados também aprimorarão o modelo global de mapeamento climático”, explicou o pesquisador.
Atualmente, Salvador possui um mapa de calor baseado em imagens de satélite, mas a nova tecnologia utilizada nesta pesquisa promete maior precisão ao identificar as áreas mais vulneráveis. Essa inovação permitirá direcionar esforços para mitigar os impactos das altas temperaturas e criar soluções mais eficazes para proteger a população.
A cidade conta com o Plano de Contingência para Altas Temperaturas da Codesal, que é acionado quando a temperatura atinge ou ultrapassa 36°C. As ações incluem a instalação de ilhas de hidratação, distribuição de água potável e protetor solar, uso de aspersores de água e emissão de avisos e alertas pelo Centro de Monitoramento de Alerta e Alarme da Codesal.
“O monitoramento climático é uma das nossas prioridades. Contamos com 14 estações meteorológicas, sendo 12 próprias e duas do Instituto Nacional de Meteorologia, que fornecem dados cruciais sobre chuvas, ventos e radiação solar. Esses dados são essenciais para a Defesa Civil e outras equipes, que trabalham 24 horas por dia para prevenir desastres“, afirmou o diretor-geral da Codesal, Sosthenes Macêdo. Ele também destacou iniciativas sociais integradas, como a distribuição de protetores solares para vendedores ambulantes durante eventos públicos, feitas em parceria com a Secis.
O encontro contou com a presença de gestores municipais como o titular da Secis, Ivan Euler; a coordenadora de Ações de Prevenção e Redução de Risco da Codesal, Gabriela Morais; a subcoordenadora de Monitoramento e Análise das Ações Climáticas e Sistemas de Alerta, Alana Matos; a chefe do Escritório de Cooperação Internacional da Secretaria de Governo, Nathália Peixoto; e a diretora de Vigilância à Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, Andrea Salvador.