Groenlândia rejeita ideia de se tornar território dos EUA: ‘O futuro será decidido por nós’

Groenlândia rejeita ideia de se tornar território dos EUA: ‘O futuro será decidido por nós’

Redação Alô Alô Bahia

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Antonio Dilson Neto

Reprodução/Ritzau Scanpix/Leiff Josefsen/Reuters

Publicado em 21/01/2025 às 16:45 / Leia em 3 minutos

Em meio a crescentes pressões internacionais, o primeiro-ministro da Groenlândia, Múte Egede, reafirmou nesta terça-feira (21) que o futuro do território será decidido exclusivamente por seu povo. Em uma entrevista coletiva marcada por declarações firmes, Egede rejeitou qualquer possibilidade de a Groenlândia se tornar parte dos Estados Unidos ou permanecer sob o domínio dinamarquês.

“Nós somos groenlandeses. Não queremos ser americanos. Também não queremos ser dinamarqueses. O futuro da Groenlândia será decidido pela Groenlândia”, enfatizou Egede, destacando a situação delicada enfrentada pela ilha, que busca maior independência política e econômica.

A declaração ocorre em um momento de renovado interesse por parte dos Estados Unidos, impulsionado pelo retorno de Donald Trump à presidência. Apesar de não abordar o tema em seu discurso de posse na segunda-feira, o republicano afirmou a jornalistas que considera a Groenlândia “um lugar estratégico e maravilhoso” e que os Estados Unidos precisam da ilha por “motivos de segurança internacional”.

Tensão com os EUA e reação dinamarquesa

O interesse americano na Groenlândia não é novidade. Em 2019, durante seu primeiro mandato, Trump sugeriu publicamente a compra do território, gerando tensão diplomática com a Dinamarca, que rejeitou a proposta. Recentemente, o discurso voltou a ganhar força. Trump não descartou ações mais contundentes para garantir o controle da ilha, citando os custos elevados para a Dinamarca manter o território autônomo, que depende do governo dinamarquês para cobrir mais da metade de seu orçamento.

A resposta de Copenhague veio por meio do ministro das Relações Exteriores, Lars Løkke Rasmussen, que rejeitou qualquer tentativa de ingerência. “Não é aceitável que países, por maiores que sejam, possam simplesmente tomar o que quiserem”, declarou Rasmussen, reforçando a soberania da Groenlândia.

Interesses estratégicos

A Groenlândia possui uma localização geopolítica crucial, além de vastas reservas de minerais e petróleo. Esses recursos têm atraído atenção não apenas dos EUA, mas também de Rússia e China, intensificando a disputa por influência no Ártico.

Os Estados Unidos já possuem presença militar na ilha por meio da base aérea de Thule, instalada na década de 1950 como parte de um acordo com a Dinamarca. A base é estratégica para o sistema de defesa antimísseis americano, operando como centro de alerta contra ameaças globais.

O conselheiro de segurança nacional indicado por Trump, Mike Waltz, afirmou recentemente que a corrida pelos recursos naturais do Ártico está em alta, com Rússia e China investindo em navios quebra-gelo para acessar as vastas reservas de petróleo, gás e minerais estratégicos. Esses materiais são essenciais para a produção de tecnologia, como baterias e componentes eletrônicos.

Desafios

Embora a Groenlândia seja oficialmente um território autônomo desde 2009, sua economia ainda depende fortemente da Dinamarca, que subsidia grande parte de seu orçamento. A busca por maior independência econômica é uma prioridade para o governo de Múte Egede, mas os desafios são significativos.

Com Trump novamente na Casa Branca, a pressão americana pelo controle do território parece estar longe de acabar. Enquanto isso, a Groenlândia busca reafirmar sua identidade e trilhar um caminho independente, resistindo às ambições das grandes potências globais.

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