A possível fusão entre a Azul e a Gol tem gerado expectativas de maior conectividade para o mercado aéreo brasileiro. Segundo John Rodgerson, CEO da Azul, a união das empresas pode viabilizar operações em novas cidades e reforçar a malha aérea nacional. Em entrevista ao portal g1, o executivo destacou o potencial de crescimento:
“Há 100 aeroportos no Brasil que só a Azul opera. Mas tive que fechar algumas dessas cidades porque não havia demanda suficiente. O benefício para o consumidor será mais cidades atendidas e maior conectividade, e é isso que estamos prevendo com essa fusão.”
Uma das principais oportunidades apontadas pelo CEO é a integração entre aeroportos regionais e grandes hubs, como Congonhas (SP), Brasília (DF) e Belo Horizonte (MG). “O Brasil ainda tem poucos viajantes e diversos destinos sem conexão direta com esses terminais. A fusão permitirá atender mais cidades e melhorar a conectividade”, afirmou.
Avanço nas negociações
Na última quarta-feira (15), a Azul e a Abra, controladora da Gol, anunciaram a assinatura de um “memorando de entendimento”, formalizando o interesse em unir as operações. No entanto, para que o negócio seja concluído, são necessários alguns passos importantes:
- Formalização dos acordos definitivos;
- Aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac);
- Conclusão do processo de recuperação judicial da Gol nos Estados Unidos.
Rodgerson revelou que as negociações com o Cade já começaram, mas os acordos definitivos só devem ser fechados em abril de 2025, após o encerramento da recuperação judicial da Gol.
Manutenção das marcas
Apesar da fusão, o CEO afirmou que as marcas Azul e Gol serão mantidas separadas, ainda que ambas passem a integrar o mesmo grupo econômico. A medida visa preservar a identidade e os mercados de cada companhia.
Na próxima semana, representantes das empresas se reunirão com o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, para discutir os detalhes da operação. O ministro comparou a fusão a uma “federação partidária” e afirmou que não permitirá aumentos abusivos nas tarifas.
No entanto, especialistas consultados pelo g1 alertam para possíveis impactos negativos da fusão, como o aumento no preço das passagens e o surgimento de barreiras para novas empresas entrarem no mercado.
Rodgerson garantiu que o diálogo com o governo tem sido constante e que a prioridade é aumentar a oferta de voos e colocar mais aeronaves em operação. “O que o governo quer é o mesmo que nós queremos: mais pessoas voando e mais aviões no ar. Ainda há muitas aeronaves paradas que deveriam estar operando”, ressaltou.