O aclamado Ainda Estou Aqui, mais novo filme de Walter Salles, tem repercutido no cenário internacional e vem ganhando destaque em premiações, além de ser um forte concorrente a uma indicação ao Oscar. O filme, que acaba de estrear em aproximadamente 200 salas de cinema na França, foi analisado pelo crítico Jacques Mandelbaum, do jornal francês Le Monde. A avaliação, no entanto, não foi favorável.
Mandelbaum destacou o que chamou de “focalização melodramática” em Eunice Paiva, personagem interpretada por Fernanda Torres. Segundo o crítico, essa abordagem enfraquece a capacidade do filme de explorar de forma mais incisiva o “mecanismo totalitário” que sustenta a narrativa.
A atuação de Fernanda Torres, vencedora do Globo de Ouro pela performance no filme, também foi alvo de críticas. Mandelbaum classificou a interpretação como “passavelmente monocórdica”, argumentando que a personagem resvala em uma representação religiosa do sofrimento. Ele chegou a comparar a performance de Torres à de Sônia Braga no aclamado Aquarius (2016), em que Braga vive uma mulher determinada a lutar contra a demolição de seu prédio.
Apesar das opiniões divididas, Ainda Estou Aqui segue ganhando espaço no circuito internacional. O longa ameaça a hegemonia de Emilia Pérez, produção de Jacques Audiard que representa a França na corrida pelo Oscar 2025. O filme de Audiard conta com nomes de peso, como Karla Sofía Gascón, Zoë Saldaña e Selena Gomez, e já era considerado um dos grandes favoritos da temporada.
