A atriz Fernanda Torres, que tem sido cada vez mais aclamada por sua atuação no longa “Ainda Estou Aqui”, do cineasta Walter Salles, voltou a falar sobre os desafios do seu mais novo trabalho. Durante entrevista ao Los Angeles Times, a intérprete da advogada Eunice Paiva, importante ativista pelos direitos humanos, revelou como foi dar vida à uma personagem que precisou encontrar forças para criar os filhos enquanto lidava com o desaparecimento do marido durante a Ditadura Militar.
“Foi maravilhoso descobrir o poder da restrição (…) Normalmente, como atriz, você quer mostrar o quão bem pode chorar, gritar ou ser engraçada. Mas essa personagem não gosta de se exibir. Ela esconde o que sente (…) Imagine que seu marido foi torturado, morto, cortado em pedaços ou jogado no oceano. E você não tem permissão para sentar, chorar ou sentir autopiedade. Ela tinha filhos e decidiu não contar a eles o que aconteceu. Como você pode dizer isso para uma criança? Ela queria salvar a inocência deles, a fé na humanidade”, afirmou Fernanda.
Indicada ao Globo de Ouro de Melhor Atriz, a brasileira destacou ainda os aprendizados que teve ao longo desse processo. “Eunice sempre era gentil e tinha um sorriso no rosto, mas, ao mesmo tempo, era tão inteligente, racional, persuasiva, muito feminina, mas poderosa. E essa mistura de feminilidade, delicadeza e força era algo que eu estava tentando alcançar (…) Suportar algo com o qual é impossível lidar, seguir em frente, sorrir, lutar, não se quebrar – isso criou dentro de mim um fogo tão poderoso, algo que eu nunca experimentei antes“, finalizou a atriz.