Companheiro fiel do brasileiro – seja ao acordar, após o almoço ou a qualquer hora do dia – o café está cada vez mais caro. Entre os motivos estão a seca e as altas temperaturas, que prejudicaram a produção do grão, que, moído, teve uma alta de quase 33% no acumulado dos 12 meses até novembro. Além disso, as guerras no Oriente Médio encareceram o embarque do café nas vendas internacionais, elevando também o preço dos contêineres, principal meio para a exportação.
O dado, do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado na terça-feira (10), é confirmado diretamente nas prateleiras dos supermercados, onde o pacote de 1 kg está sendo comercializado, em média, a R$ 48,57. Em janeiro, o mesmo produto saia por R$ 35,09, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).
O preço do fruto cru, usado para a industrialização, também tem batido recordes, alcançando valores não atingidos desde 1977. “É um aumento bastante significativo. A gente falava, em janeiro, em termos de R$ 700, R$ 750 a saca. Hoje, está entre R$ 2.100 e R$ 2.200”, exemplifica Celírio Inácio da Silva, diretor executivo da Abic. Em 11 de dezembro, a saca de 60 kg de café fechou a R$ 2.561,78 na bolsa de Nova York.
Especialistas do setor acreditam que os preços seguem elevados, pelo menos, até 2026, tempo necessário para uma possível recuperação das lavouras. Ainda assim, esse cenário dependerá das condições climáticas ao longo de 2025.
Segunda bebida mais consumida no Brasil e no mundo, atrás apenas da água, o café, mesmo com os preços elevados, tende a ver a demanda subindo, ainda mais com o produto nacional abrindo cada vez mais espaço em novos mercados internacionais, o que influencia na oferta interna. Entre janeiro e outubro de 2024, por exemplo, o consumo cresceu 0,78%, segundo a Abic.
A safra de 2024 deve atingir 54,8 milhões de sacas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O dado representa 0,5% a menos na comparação com o ano anterior.