O dólar turismo, moeda em espécie utilizada para os brasileiros quando viajam aos Estados Unidos, está sendo vendido por até R$ 6,38 em casas de câmbio de Salvador. A reportagem do jornal Correio, parceiro do Alô Alô Bahia, fez um levantamento em seis estabelecimentos do tipo nesta terça-feira (3) e encontrou valores a partir de R$ 6,19.
O preço é considerado alto e reflete o momento de incerteza vivenciado pelo mercado financeiro brasileiro diante da alta da moeda norte-americana. Segundo o economista Uitan Maciel, especialista em mercado financeiro, o dólar turismo não tem previsão de ter um recuo porque é definido com base no dólar comercial, costuma ser mais caro e tem valores variados nas casas de câmbio, que costumam incluir o valor da margem de lucro, além de custos operacionais e impostos.
“Nós somos um banco e correspondente cambial. Então, se o dólar está alto, eu também compro caro para revender e acabo não vendendo tanto porque o cliente fica esperando o valor diminuir. Além disso, a minha margem de lucro é melhor quando o dólar está baixo, porque consigo colocar um spread (margem de lucro) maior”, explica Luiz Tavares, sócio proprietário de uma casa de câmbio, que ressalta que, ao contrário do que se pensa, vender o dólar turismo com valor mais alto por conta da alta do dólar comercial não é o cenário ideal para as empresas.
O dólar comercial – aquele influenciado pelo cenário político, definido pelo Banco Central e cuja taxa é utilizada em transações comerciais, financeiras e de investimento – teve, recentemente, recorde de maior valor nominal, superando os R$ 6,00 pela primeira vez na história. Nesta terça-feira (3), o valor chegou a R$ 6,07 e impactou diretamente os valores do dólar turismo.
“Um dos grandes fatores para esse dólar estar assim foi a eleição de Donald Trump. A política dele é de valorização da moeda americana, então, desde que foi especulado que ele poderia ganhar as eleições, o mercado reagiu mal. O real desvalorizou demais. Em paralelo a isso, o conflito que está acontecendo há mais de um ano entre Israel e Hamas tem afetado absurdamente o dólar, assim como a guerra da Ucrânia contra a Rússia”, aponta Tavares, em entrevista ao Correio.
De acordo com o economista Uitan Maciel, no entanto, razões mais ligadas à política brasileira teriam desencadeado a alta histórica do dólar, computada na semana passada. Para ele, há falta confiança do mercado frente à política fiscal definida pelo Governo Federal, desacreditando o conjunto de ações do governo para controlar o orçamento, equilibrando as receitas e despesas do país.
Pequeno recuo
Apesar do valor ainda alto, o dólar comercial caiu pela primeira vez em quatro dias, fechando a R$ 6,05, nesta terça-feira (3). Em um dia de alívio no mercado financeiro, a divulgação de que a economia brasileira cresceu 0,9% no terceiro trimestre e de que o governo registrou o segundo maior superávit primário da história para meses de outubro foram fatores que trouxeram mais tranquilidade para o mercado.