O jornalista e roteirista baiano Dimas Novais foi convidado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para palestrar em Genebra, na Suíça, durante o Fórum de Minorias Sociais do Alto Comissariado pelos direitos humanos da organização. No evento, que aconteceu de 27 novembro até o último domingo (1º), foram discutidos temas ligados à representatividade de grupos sociais minorizados em quatro frentes de trabalho: espaços públicos, educação, mídia e artes e cultura.
“O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) entrou em contato com a ONU Brasil, que recomendou meu nome por conhecer trabalhos meus como o Festival Negritudes e outras atuações em projetos antirracistas. A ONU de Genebra me abordou, conversou comigo e, então, me convidaram oficialmente”, conta Dimas, que também é roteirista da TV Globo.
Cada painel teve cerca de três palestrantes e Dimas participou do debate sobre representatividade nas mídias globais, falando sobre sua experiência nas mídias brasileiras. “Falei sobre a mídia brasileira junto a um palestrante de Hong Kong e outro da Turquia. Fiz uma apresentação breve para dar um panorama sobre representatividade da população negra em mídias brasileiras”, explica o baiano, que há 10 anos começou como trainee na emissora carioca.
Ele também abordou as práticas positivas para a quebra de estereótipos e avanço das pautas relativas ao tema. “Falei sobre como o Festival Negritudes da TV Globo, que surgiu pequeno, cresceu tanto. E também sobre os espaços que as narrativas negras vêm conquistando no Brasil”, conta Dimas, que atualmente mora no Rio de Janeiro.
Sobre a experiência de sair da Bahia para discursar num evento internacional da ONU, ele se disse honrado. “Fico honrado em poder contribuir, agora em escala global, com discussões sobre como fomentamos um mundo menos desigual. Ser do Nordeste me traz perspectivas específicas sobre como as culturas negras moldaram a nossa nação e também como tem sido um processo de resistência ferrenho manter nossas artes, expressões e força. Levo comigo a beleza das infinitas formas de cultura que nosso povo negro fundou e conseguiu manter, além da capacidade de transformar dores e frustrações em motor de mudança”, finaliza Dimas.