O rei Tchongolola Tchongonga Ekuikui VI, soberano do maior grupo étnico da Angola, o Reino de Bailundo, desembarca pela primeira vez em Salvador. Neste domingo (24), o monarca será recebido no Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira, onde participará de uma visita guiada à exposição “Raízes: Começo, Meio e Começo”, que reverencia a influência angolana na formação da identidade brasileira.
A visita histórica marca o reencontro simbólico com os filhos de Angola em território baiano. “Esse movimento reafirma nosso papel como um espaço de diálogo e preservação da memória que conecta o Brasil ao continente africano. Nesse contexto, assumimos a missão de conscientizar os brasileiros sobre a nobreza de suas origens, representadas por Rainhas e Reis africanos que lideraram impérios marcados pela eficiência e sabedoria, oferecendo lições valiosas de governança que permanecem relevantes na contemporaneidade”, afirma Cintia Maria, diretora-geral do MUNCAB.
Luandino Carvalho, adido cultural da Embaixada de Angola no Brasil e diretor da Casa de Angola na Bahia, também ressalta a representatividade da visita. “O simbolismo desta digressão é reforçado por ser em novembro, mês da Independência de Angola, feito histórico reconhecido pelo Brasil na primeira hora em 1975. De resto, não temos dúvida da importância desta visita como um momento de elevação cultural espiritual e de enaltecimento à ligação ancestral entre os povos de Angola e do Brasil, temática esta que é a divisa da Casa de Angola na Bahia e que tem dado frutos como a ligação de irmandade com o MUNCAB”, comemora.
Sobre a exposição
A mostra “Raízes: Começo, Meio e Começo” apresenta cerca de 200 obras de artistas negros, incluindo instalações, pinturas, fotografias, esculturas e outros trabalhos contemporâneos. A expografia, dividida em cinco núcleos, explora a riqueza dessa herança. No núcleo “Origens”, a instalação de um baobá, chamada “árvore da vida”, simboliza a sabedoria ancestral africana. O eixo “Sagrado” aborda o culto aos nkisis, forças espirituais de matriz angolana conectadas à ancestralidade e à mitologia da natureza. A influência do kimbundu e do kikongo no português da Bahia, com termos como moleque, cafuné e quitanda, é tema do núcleo “Ruas” e sua relação com o “pretuguês”. “Bembé do Mercado” destaca práticas de solidariedade comunitária enraizadas nas tradições angolanas. Já o núcleo “Afroturismo” evidencia o protagonismo preto em mitologia, ficção científica e realismo fantástico.