A Polícia Federal revelou, nesta terça-feira (19), detalhes de um plano elaborado por militares e um agente da corporação para um golpe de Estado em 2022. O esquema incluía a prisão e o assassinato de Luiz Inácio Lula da Silva, Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. A operação foi tornada pública por decisão de Moraes, que autorizou a prisão de cinco suspeitos envolvidos no caso. As informações foram apuradas pelo g1.
De acordo com a investigação, o grupo, autodenominado “Kids Pretos”, começou a monitorar autoridades logo após a eleição presidencial de 2022, com reuniões ocorrendo na residência do ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto, então candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro.
Entre as táticas discutidas estavam envenenamento e o uso de explosivos contra Alexandre de Moraes. “A morte de toda a equipe de segurança e até mesmo dos militares envolvidos na ação era admissível para cumprir a missão”, aponta a decisão de Moraes.
O plano também previa envenenar Lula, considerando sua vulnerabilidade de saúde e visitas frequentes a hospitais. Para que o golpe fosse efetivo, Alckmin também deveria ser eliminado, garantindo que a chapa vencedora fosse completamente desarticulada.
Tentativa de ataque em dezembro de 2022
No dia 15 de dezembro de 2022, o grupo chegou a se posicionar em Brasília para atacar Moraes durante uma ação clandestina, mas o plano foi abortado. Segundo a PF, os suspeitos planejavam estabelecer um “gabinete de crise” após o golpe, com Braga Netto e Augusto Heleno no comando, para “restabelecer a legalidade e estabilidade institucional”.
Estrutura do grupo golpista
A PF identificou cinco núcleos de atuação dos envolvidos:
- Ataques virtuais contra opositores;
- Ataques a instituições, como o STF e o TSE, e ao processo eleitoral;
- Planejamento de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito;
- Ataques às vacinas contra a Covid-19 e medidas sanitárias;
- Uso de estruturas do Estado para enriquecimento ilícito, incluindo desvio de bens e falsificação de dados de vacinação.
Atual momento da operação
Entre os presos está o general Mário Fernandes, com quem foi encontrada uma minuta para criação do “Gabinete Institucional de Gestão da Crise”, que seria implementado após o golpe. A investigação reforça que o plano foi abortado devido à incapacidade de execução em dezembro de 2022, mas destaca o alto grau de organização e intenção dos envolvidos.