A imprensa francesa anunciou, nesta quinta-feira (14), a crescente tensão no julgamento envolvendo Marine Le Pen, líder do partido de extrema-direita Reunião Nacional (RN) e ex-candidata à presidência. Com o avanço das audiências, as consequências legais para Le Pen se tornam cada vez mais sérias.
Acusada de desvio de fundos europeus, o Ministério Público francês solicitou uma pena de cinco anos de prisão, sendo dois em regime fechado, além de inelegibilidade por cinco anos e uma multa considerável. Caso a sentença seja confirmada, Le Pen enfrentará sérias restrições políticas e financeiras.
A Procuradoria pede ainda uma execução provisória da pena. Ou seja, se condenada, Le Pen ficará inelegível mesmo recorrendo à decisão.
O julgamento deve durar até 27 de novembro.
A líder do RN é apontada como figura central em um esquema que teria desviado verbas do Parlamento Europeu para uso do partido, acusado de se beneficiar financeiramente das ações.
Entre as sanções, está uma multa de 300 mil euros para Marine Le Pen e um pedido de multa adicional de 4,3 milhões de euros ao RN, que também é réu no processo como pessoa jurídica.
Sistema Organizado de Desvios
As investigações indicam um esquema de apropriação de recursos que teria perdurado por anos, beneficiando o partido e seus membros mais próximos. Segundo a promotoria, as verbas do Parlamento Europeu foram “desviadas para financiar o crescimento do partido e sustentar o estilo de vida de seus líderes”. Estima-se que o prejuízo total gire em torno de 4,5 milhões de euros, apontando o caso como “sem precedentes” na política francesa em termos de escala e duração.
No entanto, a defesa de Le Pen sugere que as acusações são parte de uma perseguição política, argumentando que o objetivo seria “privar os eleitores de escolher livremente seus representantes”. Ela também criticou a suposta parcialidade do Ministério Público, apontando para uma possível “conspiração” que envolveria diversas autoridades francesas e europeias.
O jornal Libération sublinha o impacto potencial das acusações para a carreira de Le Pen, que já planejava se candidatar novamente ao cargo de presidente em 2027. Com a ameaça de inelegibilidade, o futuro da líder política e do próprio RN, que já enfrentou dificuldades financeiras no passado, torna-se incerto.
Além da possível perda de direitos políticos, Marine Le Pen alertou que, caso seja condenada, as multas poderiam ser pagas com verbas do partido — o que implica que o ônus financeiro seria transferido ao próprio RN, ou seja, recursos públicos.