Cineasta iraniano Mohsen Makhmalbaf visita Salvador e revela encantamento pela cidade: ‘Talvez eu volte para fazer um filme’

Cineasta iraniano Mohsen Makhmalbaf visita Salvador e revela encantamento pela cidade: ‘Talvez eu volte para fazer um filme’

Redação Alô Alô Bahia

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Tiago Mascarenhas

Acervo Pessoal

Publicado em 05/11/2024 às 13:33 / Leia em 4 minutos

O renomado cineasta iraniano Mohsen Makhmalbaf, conhecido por sua contribuição à nova onda do cinema no Irã, está em Salvador para uma visita especial. Em entrevista exclusiva ao Alô Alô Bahia, Makhmalbaf compartilhou suas impressões sobre a cidade, os momentos que mais o emocionaram e a possibilidade de explorar a capital baiana em futuros projetos cinematográficos.

Mohsen Makhmalbaf no Farol de Itapuã. Foto: Acervo Pessoal

Mohsen Makhmalbaf no Farol de Itapuã. Foto: Acervo Pessoal

Esta é a quarta visita do diretor ao Brasil; ele já esteve em São Paulo em 1995, quando participou da Mostra de Cinema da cidade e serviu como jurado ao lado de cineastas como Walter Salles (“Ainda Estou Aqui”). Em 2011, retornou para receber o Prêmio Leon Cakoff por suas conquistas ao longo da carreira. “Este ano, mais uma vez, participei do festival em São Paulo e ouvi muitos amigos recomendando Salvador. Diziam para eu vir conhecer a cultura e a energia calorosa da cidade”, contou Makhmalbaf, que já filmou em 10 países diferentes e em diversas línguas.

Mohsen Makhmalbaf e Walter Salles na 48ª Mostra Internacional de Cinema São Paulo Int’l Film Festival. Foto: Acervo Pessoal

Mohsen Makhmalbaf e Walter Salles na 48ª Mostra Internacional de Cinema São Paulo Int’l Film Festival. Foto: Acervo Pessoal

Mohsen Makhmalbaf e Antonio Pitanga na 48ª Mostra Internacional de Cinema São Paulo Int’l Film Festival. Foto: Acervo Pessoal

Mohsen Makhmalbaf e Antonio Pitanga na 48ª Mostra Internacional de Cinema São Paulo Int’l Film Festival. Foto: Acervo Pessoal

Sobre o que mais o surpreendeu em Salvador, ele destacou a vida cotidiana. “Visitei diversos pontos da cidade, tanto no centro quanto nas áreas periféricas. O que mais me tocou foi a vida das pessoas. Existe uma energia vibrante, mesmo diante das dificuldades. A vida aqui é colorida e cheia de esperança, algo que me atrai muito”, explicou.

A forte conexão da cidade com a ancestralidade e espiritualidade foi outro ponto abordado pelo cineasta. “Já fiz 42 filmes em diferentes partes do mundo, mas poucos lugares têm uma energia tão palpável para o cinema quanto Salvador. Aqui, sinto que a cultura e a história se entrelaçam de uma forma única, oferecendo um material rico para qualquer cineasta”, observou.

Mohsen Makhmalbaf no Farol de Itapuã. Foto: Acervo Pessoal

Mohsen Makhmalbaf no Farol de Itapuã. Foto: Acervo Pessoal

Perguntado se a capital baiana poderia servir de cenário para um de seus filmes, Mohsen foi cauteloso, mas otimista: “Ainda não sei, preciso de tempo para digerir as inspirações que tive. Talvez, no futuro, eu volte para fazer um filme aqui. Espero que sim”.

Durante sua estadia, Makhmalbaf também teve a oportunidade de se reunir com diretores brasileiros. “Assisti a um filme que adorei e encontrei o diretor. Conversamos sobre cinema, poesia e filosofia. Não sou bom com nomes, mas lembro bem do conteúdo e do estilo dos filmes. Foi uma experiência enriquecedora”, destacou.

Com uma carreira que atravessa décadas e fronteiras, Mohsen Makhmalbaf consolidou-se como um dos mais influentes cineastas contemporâneos. Nascido em Teerã, o diretor iraniano é aclamado por sua contribuição à chamada nova onda do cinema iraniano, com obras que exploram a condição humana, a liberdade e as lutas sociais.

Entre seus filmes mais notáveis estão “O Caminho para Kandahar” (2001), listado pela revista Time como um dos 100 melhores filmes de todos os tempos, “O Silêncio” (1998) e “Gabbeh” (1996). Ao longo de sua trajetória, suas produções foram exibidas e premiadas em prestigiados festivais, incluindo Cannes, Veneza e Locarno, e renderam prêmios como o François Truffaut e o Frederico Fellini.

Além de cineasta, Makhmalbaf é um autor exímio, com mais de 30 livros publicados. Sua abordagem poética e filosófica do cinema, aliada ao ativismo pelos direitos humanos, confere profundidade ao seu trabalho e o torna uma voz singular no mundo artístico.

A passagem por Salvador, com sua rica bagagem cultural e histórica, parece ter deixado uma marca em seu espírito criativo. O público baiano e os amantes do cinema aguardam, quem sabe, por um futuro filme que capture toda essa essência sob a lente sensível de Makhmalbaf.

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