Valdecy Urquiza, delegado da Polícia Federal, foi confirmado nesta terça-feira (5) como o novo secretário-geral da Interpol, tornando-se o primeiro brasileiro a liderar a maior organização policial do mundo.
A eleição ocorreu durante a 92ª Assembleia Geral da Interpol, em Glasgow, no Reino Unido, onde representantes de 153 países aprovaram seu nome com 96% dos votos.
A trajetória de Urquiza até a chefia da Interpol começou em junho, quando seu nome foi indicado pelo comitê executivo da organização. Ele sucede o alemão Jürgen Stock, que ocupava o cargo desde 2014, e passa a ser o primeiro líder de um país em desenvolvimento a comandar a instituição.
Ao longo de seus 101 anos de história, a Interpol teve oito secretários-gerais: um austríaco, quatro franceses, um britânico, um alemão e um norte-americano.
Com mandato de cinco anos, renovável por mais cinco, Urquiza deve assumir o posto no fim desta semana, ao término da assembleia, e mudará para Lyon, na França, onde fica a sede da Interpol.
Em seu discurso de posse, o delegado brasileiro destacou três pilares para sua gestão: tecnologia, inclusão e integridade. Segundo ele, a crescente sofisticação do crime internacional exige que a Interpol inove para se manter à frente das ameaças globais.
História
Nascido em São Luís, no Maranhão, e filho de um bacharel em direito, Urquiza graduou-se no mesmo curso em Fortaleza e ingressou na PF em 2004 por concurso. Em 2007, de volta a São Luís, iniciou as atividades na corporação à frente da delegacia de crimes ambientais.
O interesse pela carreira dedicada à cooperação internacional surgiu quando Urquiza se deparou com crimes que envolviam a atuação de criminosos em vários países, como fraudes cibernéticas e lavagem de dinheiro.
Em 2015, o delegado assumiu o escritório nacional da Interpol no Brasil, em Brasília. Três anos depois, transferiu-se para a sede da organização na França, onde atuou como diretor-adjunto para comunidades vulneráveis e diretor de combate ao crime organizado na Secretaria-geral. Ao retornar ao Brasil, em 2021, voltou a trabalhar com cooperação internacional na PF e foi eleito vice-presidente das Américas do Comitê Executivo da Interpol.