Nascido em Irajuba, na Bahia, em 1935, Evandro Teixeira deixou sua terra natal para transformar o Brasil através de suas lentes, quase sempre em preto e branco. Com uma carreira que ultrapassou seis décadas, foi no Jornal do Brasil que consolidou seu legado, documentando alguns dos episódios mais impactantes da segunda metade do século 20, como o golpe militar de 1964 e a emblemática Passeata dos 100 Mil, em 1968, na Cinelândia.
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Evandro também eternizou cenas icônicas, como a perseguição a um estudante nas ruas do Rio de Janeiro e o flagrante de policiais montados reprimindo manifestações na Candelária.
Seu talento não ficou restrito às fronteiras brasileiras; no Chile, em 1973, registrou a brutalidade do golpe militar que depôs o presidente Salvador Allende, incluindo cenas no Estádio Nacional, que se tornaram provas documentais da repressão e da violação dos direitos humanos.
Ao longo de sua jornada, fotografou personalidades como Pelé e Ayrton Senna, e capturou momentos históricos como a visita da Rainha Elizabeth II e do Papa João Paulo II ao Brasil. Para além das celebridades e das lideranças, o olhar de Evandro focou na realidade das ruas, documentando pobreza, fome e celebrações populares, como o carnaval.
Foto: Acervo IMS
Teixeira também tem uma produção autoral importante, com destaque para um projeto sobre Canudos. Suas obras integram coleções de instituições como o Museu de Arte de São Paulo (Masp) e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ).
O acervo completo está no Instituto Moreira Salles, no Rio de Janeiro.
Em vida, seu talento foi celebrado não apenas com prêmios, mas também com uma homenagem especial de Carlos Drummond de Andrade, que lhe dedicou um poema.
Evandro deixa sua esposa Marli, duas filhas e netos, além de um acervo fotográfico inestimável, verdadeiro patrimônio da memória visual do Brasil.