Os atores Fernanda Torres e Selton Mello, protagonistas do filme “Ainda Estou Aqui”, representante brasileiro na corrida pelo Oscar, estão em Los Angeles, nos Estados Unidos, onde cumprem uma intensa agenda de 25 dias para a campanha do longa de Walter Salles. O filme, que tem conquistado o público e a crítica, busca agora ganhar os votos dos membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.
“É igual campanha política, você vai de cidade em cidade. É muito louco!”, revelou Fernanda Torres à RFI. “São várias sessões fechadas para o SAG, o sindicato dos atores, sindicato dos diretores, dentro de agências, sessões fechadas para convidados, para votantes da academia, é hora de mostrar que o filme existe e conversar com as pessoas. Dizer que estamos aqui trabalhando”, explicou Selton.
A primeira apresentação do filme foi no AFIfest, promovido pelo American Film Institute, um dos principais eventos pré-Oscar de lançamentos que devem aparecer na lista de indicados. Na última terça-feira (29), os atores abriram o 16º HBRFF – Hollywood Brazilian Film Festival, no Museu do Oscar.
“A resposta tem sido linda. Por todos os lugares onde a gente passa, todas as culturas recebem o filme muito bem, porque eu acho que é um filme afetuoso, fala através dessa família, conta a história de um país e acho que o mundo todo acaba se conectando”, reflete Selton.
“Ainda Estou Aqui”
O filme conta a história de Eunice Paiva, cujo marido, o ex-deputado federal Rubens Paiva, foi torturado e assassinado pela Ditadura Militar, em 1971. O longa foi baseado no livro do filho deles, o jornalista Marcelo Rubens Paiva. Na obra, Fernanda Torres interpreta a personagem principal e Selton Mello faz o papel do marido.
“É um filme que fala de política, de viver num Estado autoritário, do que significa você escolher viver num Estado autoritário ou não escolher e acabar vivendo, e no que isso pode mudar a sua família, suas relações afetivas. Então o que eu gosto desse filme é que ele vai pelo afeto. É uma resistência pelo afeto, é super bonito”, conta a atriz.
Para concorrer ao Oscar, o filme terá de superar quase cem filmes que anualmente brigam por uma vaga entre os cinco selecionados na categoria de Melhor Filme Internacional. A última vez que o Brasil apareceu nesta lista foi em 1999, com outro filme de Walter Salles, “Central do Brasil”, com Fernanda Montenegro, indicada no mesmo ano na categoria de “Melhor Atriz”. Ela também atua em “Ainda Estou Aqui”, fazendo o papel de Eunice Paiva mais velha.
Este ano, Fernanda Torres aparece como uma possível indicada a Melhor Atriz, ao lado nomes como Demi Moore, de “A Substância”; Nicole Kidman, por “Babygirl”; Angelina Jolie, por “Maria Callas”; e Karla Sofía Gascón, de “Emilia Pérez”. Em outubro, ela já recebeu um prêmio da “Critics Choice Association”, maior organização de críticos e jornalistas de entretenimento da América do Norte, que celebrou os talentos latinos. A atriz também concorreu na categoria de atuação no Festival de Veneza, onde o filme ganhou o prêmio de Melhor Roteiro.
O filme chega aos cinemas brasileiros em 7 de novembro.