BATEKOO adia festival para 2025 e denuncia racismo estrutural no mercado publicitário

BATEKOO adia festival para 2025 e denuncia racismo estrutural no mercado publicitário

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Tiago Mascarenhas

Divulgação

Publicado em 31/10/2024 às 19:07 / Leia em 2 minutos

A BATEKOO, uma das principais plataformas de cultura e entretenimento voltada para as comunidades negra e LGBTQIAPN+ no Brasil, anunciou que o festival anual, previsto para 23 de novembro de 2024, foi adiado para 2025 devido à falta de patrocínio. Essa decisão destaca o racismo estrutural presente no mercado publicitário, revelando as barreiras enfrentadas por projetos que promovem a diversidade e inclusão.

Maurício Sacramento, fundador e CEO da BATEKOO, desabafou sobre o desafio de liderar iniciativas culturais no país. “É muito bom falar de vitórias, mas também é muito importante falar sobre derrotas. O Festival da BATEKOO foi adiado por falta de patrocínio e tem sido frustrante trabalhar com cultura no Brasil. Sobretudo, se você é uma liderança negra”, afirmou ele em nota enviada à imprensa.

Sacramento questionou o motivo pelo qual festivais feitos por e para a comunidade negra ainda são negligenciados, apesar de sua relevância e impacto. “Se entregamos o mesmo (ou mais) em relevância, números e alcance, por que os festivais propostos por e para a comunidade negra do Brasil ainda estão sendo esquecidos nas decisões de grandes empresas em onde investir?”, completou.

Artur Santoro, curador e sócio da BATEKOO, também destacou a falta de representatividade nas equipes de grandes marcas, o que, segundo ele, afeta diretamente o apoio financeiro a projetos voltados para a comunidade negra. “O mais difícil é saber que, ainda hoje, existem marcas no Brasil que não cumprem nem 10% de pessoas negras em sua equipe”, relatou.

Ele ressaltou que a maior parte dos contratos fechados pela BATEKOO foi intermediada pelas poucas pessoas negras nas empresas. “O pacto narcisístico da branquitude – mesmo que silencioso – pode até levantar a bandeira antirracista, mas não se reflete na hora de desenhar as verbas milionárias anuais”, observou Santoro.

Na nota oficial, a BATEKOO enfatizou a importância do comprometimento das marcas com a pluralidade em suas escolhas de patrocínio, para que projetos artísticos fundamentais possam prosperar e se consolidar no calendário cultural brasileiro. Apesar dos obstáculos, Sacramento garantiu: “A única certeza que temos é que não paramos por aqui.”

O festival, que celebra a cultura e a representatividade, promete voltar em 2025 com mais força. Para os que adquiriram ingressos para 2024, a BATEKOO informou que os procedimentos de reembolso ou reaproveitamento serão anunciados em breve.

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