Cinema, museu, centro cultural, a praça do poeta. Hotéis de luxo instalados em prédios icônicos e de valor histórico, galeria de arte e, mais recentemente, um palacete com três andares de alta gastronomia, joalheria, enoteca e cafeteria. A entrada para o Centro Histórico, que desde o século passado já era considerada uma área sofisticada e cheia de charme, pode até ter tido o seu brilho ofuscado por um tempo, mas não perdeu o requinte. Prova disso é que essa mesma Rua Chile acaba de ganhar, também, um novo restaurante com a chegada do Gero, marca tradicional do Grupo Fasano com unidades nos principais centros urbanos do país.
Terceiro grande investimento do Fasano no estado e primeiro restaurante instalado no Nordeste, o Gero chega não só se somando ao Fasano Salvador – que, não por um acaso, foi um dos que iniciaram o movimento de revitalização do centro quando abriu em 2018 – mas, principalmente, consolidando a renovação da Rua Chile.
“O esforço conjunto entre as iniciativas pública e privada tem promovido a requalificação e a atração de projetos para esta região e todo esse movimento. A inauguração agora do Gero colabora para preservar e valorizar ainda mais o entorno e o patrimônio cultural do centro”, destaca o sócio e diretor do Grupo Fasano, Constantino Bittencourt.
Apesar do grupo não abrir números de investimento, o Fasano opera também na Bahia o Fasano Trancoso, inaugurado há dois anos na Praia de Itapororoca. Inclusive, a unidade conquistou no último ano, o título de 10ª colocação entre os 100 novos Melhores Hotéis do Mundo, na lista da Travel + Leisure, considerada uma referência internacional para o setor de hospitalidade e a 5ª posição na categoria Melhores Novos Hotéis de Praia.
O executivo esteve em Salvador para acompanhar o início das operações do Gero que abriu as portas recentemente, no térreo do Hotel Fasano. Com a proposta de trazer uma clássica gastronomia italiana, a unidade baiana, no entanto, não vai perder pratos típicos. O chef Bahia Brito comanda a cozinha e atua nos restaurantes do grupo há mais de três décadas.
“O Gero se mantém fiel à mesma inspiração do primeiro endereço da marca, inaugurado em 1994, em São Paulo, que continua até hoje como um dos endereços mais queridos dos paulistanos. A nossa expectativa é trazer novos ares para a gastronomia da capital baiana”, explica Bittencourt sobre o restaurante que tem, além da capital paulista, endereços no Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
A requalificação da Rua Chile vem devolvendo ao lugar o título dos 400 metros mais elegantes da cidade. Em entrevista, Constantino Bittencourt comentou a importância da revitalização dessa área, a atração de outras empresas e como o Fasano enxerga os novos investimentos na Bahia. Confira:
O Fasano foi um dos primeiros grupos empresariais a enxergar o potencial da Rua Chile e apostar no movimento de revitalização daquela área. De lá para cá, como você avalia a decisão de instalar um hotel de luxo no centro da cidade e em edifício tombado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac)?
A primeira unidade hoteleira do Nordeste tinha que ser na Bahia, eu sempre quis fazer um hotel aqui. Salvador sempre teve um potencial turístico incrível, teve seus altos e baixos, seus períodos de glória, e a gente queria resgatar um pouco esses tempos áureos, mas fazer da forma correta. Quando cheguei, vi esse prédio lindo e pensei: não é possível que seja esse. Foi amor à primeira vista, tinha que ser aqui. Desde o início da parceria com a Prima e do projeto de restauração do edifício que abrigaria o Fasano Salvador, o nosso objetivo foi estimular o potencial econômico, histórico e cultural do Centro Histórico da primeira capital do Brasil. Na época em que iniciamos o projeto, muita gente dizia que o Centro Histórico não era o lugar, mas a gente sempre acreditou. E fazer parte desse renascimento do Centro Histórico, para gente, é muito orgulho.
O esforço conjunto entre as iniciativas públicas e privada tem promovido a requalificação e a atração de projetos para esta região, como o Cine Glauber Rocha, a Casa do Carnaval, o Centro Cultural da Barroquinha, o Fera Palace, a Fundação Pierre Verger, a Casa do Boqueirão. E, mais recentemente, a gente viu também a instalação da Galeria de Arte Galatea e a reinauguração do Palacete Tira-Chapéu. Todo esse movimento, junto com a inauguração do Gero, colabora para preservar e valorizar ainda mais o entorno e o patrimônio cultural desta região. Estamos animados para fazer parte do que ainda virá.
Onde o Fasano acertou, a ponto de servir também de estímulo para atração de outros equipamentos para a Rua Chile?
O centro sempre foi uma aposta óbvia, dada a importância histórica e cultural desta área, intimamente ligada ao nascimento do Brasil que conhecemos hoje. O Hotel Fasano está localizado em frente à antiga porta de Santa Luzia, que era uma das duas únicas entradas da primeira cidade e capital do Brasil. O Fasano, assim como o Fera, acreditou nesta região. Quando grupos de peso apostam com tanto afinco e entusiasmo, isso acaba contaminando positivamente o mercado como um todo, assim como acontece com outras revitalizações ao redor do mundo.
Desde antes da inauguração do hotel nos empenhamos em conhecer e nos aproximar, ao máximo, da cultura e dos valores locais. Acredito muito que somos parte desta transformação e temos orgulho grande em ser. Enxergamos de forma muito positiva e com a expectativa que a chegada destes novos projetos, possam trazer ainda mais visibilidade nacional e internacional à região, colaborando para um contínuo desenvolvimento e uma experiência completa daqueles que a frequentam, sejam turistas ou soteropolitanos.
O que o grupo enxergou ali que permeou essa decisão inicial e o que vê agora, ao continuar investindo ao trazer o Gero para Salvador?
Sempre fizemos questão de estimular e promover a arte, a história, a arquitetura, a música e gastronomia local, além de fomentar essa regionalidade para o resto do Brasil, bem como para o mercado internacional. Ver cada vez mais iniciativas se concretizando dentro desta mesma forma de atuação e a mudança vista no entorno, faz acreditar que estamos percorrendo esta trilha de forma muito positiva.
Que mudanças o grupo não só assistiu na área da Rua Chile e do Centro Histórico, mas também promoveu?
Ao longo dos quase seis anos de operação, testemunhamos a chegada de importantes projetos que corroboram para o contínuo desenvolvimento da região. Há uma responsabilidade enorme em respeitar a história e a identidade do local, garantindo que as mudanças beneficiem tanto os soteropolitanos quanto os visitantes, preservando o ambiente autêntico do centro com segurança e oportunidades. Além de assistir a essas mudanças, o Fasano Salvador tem promovido iniciativas que reforçam a conexão entre o Hotel e a cidade. Desde a nossa abertura estivemos próximos da Orkestra Rumpilezz do saudoso Maestro Letieres Leite, bem como o fomento a outros músicos e artistas locais.
Temos o Projeto Fasano do Bem, com a distribuição semanal de refeições em apoio à ONG Didá, o Projeto Fasano Salvador Convida, onde oferecemos nosso espaço para artistas locais exporem suas obras no hotel. Em breve, vamos implementar um projeto de captação de recursos para apoio e repasse para ONGs locais nos moldes do Projeto Arredondar, que já acontece em outros hotéis do grupo.
A iniciativa estimula que o hóspede, no final de sua estadia, apoie ações socioambientais e faça uma doação direcionada a instituições preocupadas com combate à desnutrição, educação e qualificação de mulheres, meio ambiente e qualidade de vida. Já registramos em outras unidades do grupo, mais de 87 mil micro doações e mais de R$ 60 mil arrecadados, fruto dessa parceria.
Por que trazer o Restaurante Gero para Salvador? Quais são as expectativas neste início de operação?
A revitalização de uma área desta magnitude é um projeto de longo prazo, mas acreditamos muito no potencial turístico e econômico da cidade. Estamos otimistas com os resultados obtidos até agora, mas sabemos que ainda existe um caminho a ser trilhado para se tornar uma potência turística mundial. Esperamos contribuir para que esse caminho venha a ser o mais curto possível.
Esta inauguração faz parte do conceito gastronômico que vem sendo implementado nos demais Hotéis Fasano, localizados em grandes centros urbanos. O Gero Salvador passa a ser o quarto restaurante desta marca inaugurado em um hotel, assim como os endereços existentes em São Paulo (Itaim), Rio de Janeiro e Belo Horizonte. A nossa expectativa é trazer novos ares para a gastronomia da capital baiana, com um perfil mais descontraído para a clássica gastronomia italiana, o que é a cara do Gero e de Salvador.
O que esperar também da gastronomia do Gero e que experiência ele vai trazer para a capital?
O Gero se mantém fiel à mesma inspiração do primeiro endereço da marca, inaugurado em 1994, em São Paulo, que continua até hoje como um dos endereços mais queridos dos paulistanos. O menu de clássicos, inclui a Costoletta alla Milanese, Penne con Baccalá, Tagliata di Manzo, sobremesas como a tradicional Torta Della Nonna, além do nosso famoso Zucchini – um clássico do nosso couvert. Alguns pratos preferidos dos soteropolitanos, assim como os típicos baianos, permanecem no novo menu.
No último ano, o Fasano Trancoso conquistou a 10ª colocação entre os 100 novos Melhores Hotéis do Mundo, na lista da Travel + Leisure, considerada uma referência internacional para o setor de hospitalidade. Na categoria Melhores Novos Hotéis de Praia, o hotel do grupo no Sul da Bahia subiu ainda mais posições levando a 5ª colocação. Existe receita para estar entre os melhores do mundo?
Trancoso é um destino vibrante ao longo de todo o ano, já muito consolidado entre turistas internacionais e nacionais. A nossa abertura por lá firmou a presença do Grupo Fasano no Nordeste e a visibilidade deste destino para o mercado internacional. Assim como em Salvador, em Trancoso não foi diferente. Fazem parte dos nossos pilares a arquitetura e o serviço, bem como o endosso à cultura e à arte local, o relacionamento com a comunidade e o calendário de eventos da região.
A gente brinca que o Fasano Trancoso é “uma Tulum com acarajé”. Em Trancoso, tivemos a nossa maior taxa de ocupação em um ano de abertura na nossa história, com aproximadamente 65%. O objetivo sempre foi trazer a identidade e o DNA da marca respeitando a cultura do lugar, que é fortíssima.
Quando se pensa em experiência diferenciada dentro de um hotel para além do que o turismo da cidade já oferece, qual é a fórmula do Fasano que leva em consideração esse conceito de luxo e sofisticação?
Sem dúvidas, nós buscamos o tempo inteiro oferecer uma gama de atividades para que os hóspedes possam conhecer a história e vivenciar a cultura local. A curadoria destas atividades e de nossos parceiros em cada região levam em consideração o melhor formato para atender cada hóspede, proporcionando uma experiência enriquecedora e personalizada. Arquitetura, gastronomia e serviço são os pilares centrais das experiências que buscamos proporcionar, respeitando sempre as particularidades de cada destino. Com o crescimento do grupo, surgem novos desafios e por isso continuaremos investindo sempre no nosso principal ativo: nossa equipe. Hoje a nossa equipe conta com mais de 200 colaboradores e vários deles com muitos anos de Fasano, o que nos ajuda a permear essa cultura.
Hotel e restaurante em Salvador, resort em Trancoso. Em termos de Bahia, o grupo tem nos planos mais algum tipo de expansão?
Traçamos um plano de expansão no Brasil que a gente já alcançou. Porém, sempre acreditamos muito no potencial turístico da Bahia e continuaremos atentos para oportunidades. A gente queria ter um hotel de cidade no Nordeste, que tinha que ser Salvador. De resort, a gente queria um lugar muito estabelecido, que é o caso de Trancoso. Em nossas propriedades no Nordeste já são aproximadamente 500 postos de trabalho e muitos anos de operação e investimentos e estamos muito contentes com os resultados obtidos até aqui. Agora, estudamos a possibilidade de fazer em Baixios. Estamos conversando com a Prima, que é nossa parceira aqui há 15 anos, sobre essa possibilidade.
QUEM É
Constantino Bittencourt é sócio dos Hotéis Fasano e diretor da rede. Formado em Finanças e Economia pela Universidade Boston College, Constantino chegou ao setor hoteleiro em 2001, como um dos idealizadores do Fasano Rio de Janeiro. Seis anos depois, se tornou sócio e responsável pela expansão do grupo. Antes disso, trabalhou também como analista na área de renda fixa do Citigroup, em Nova York. O Fasano Salvador é o sétimo empreendimento hoteleiro do grupo, que tem ainda no sul da Bahia, o Fasano Trancoso, na Praia de Itapororoca.