José Adilson Rodrigues dos Santos, mais conhecido como Maguila, um dos grandes nomes do boxe brasileiro, faleceu nesta quinta-feira (24), aos 66 anos, após uma longa batalha contra a encefalopatia traumática crônica (ETC). A condição, também conhecida como “demência pugilística”, afeta principalmente atletas de esportes de contato e é resultado de impactos repetidos na cabeça, comuns em modalidades como o boxe e o MMA.
Maguila, que estava internado devido à doença, havia decidido junto com sua família, ainda em 2018, doar seu cérebro para estudos científicos na Universidade de São Paulo (USP). A intenção é ajudar nas pesquisas sobre o avanço e prevenção de doenças neurodegenerativas causadas por traumas repetitivos, como a ETC.
A esposa do ex-lutador, Irani Pinheiro, confirmou a morte e a decisão de seguir adiante com a doação. Especialistas acreditam que essa contribuição será essencial para melhorar o entendimento sobre a condição e, quem sabe, desenvolver formas de prevenção para atletas que sofrem com esse tipo de impacto.
Ao Metrópoles, o neurologista Renato Anghinah, da Faculdade de Medicina da USP, elogiou a decisão da família. “Estudar cérebros de atletas que foram afetados por esse tipo de doença é vital para encontrar maneiras de prevenir e tratar o problema, que ainda é pouco conhecido”, destacou.
Grandes nomes do esporte, como Muhammad Ali, também foram diagnosticados com a condição, que muitas vezes passa despercebida até que os sintomas — como perda de memória e confusão mental — se agravem. A ETC, vale ressaltar, não tem cura.