Baiana vende acarajé em Londres e fatura mais de R$2,5 milhões: ‘Comida com legado’

Baiana vende acarajé em Londres e fatura mais de R$2,5 milhões: ‘Comida com legado’

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Antonio Dilson Neto

Reprodução/Redes sociais

Publicado em 11/10/2024 às 16:59 / Leia em 4 minutos

Ancestralidade, axé e preservação da cultura popular das religiões de matrizes africanas são os pilares que guiam o Little Piece of Bahia (Pedacinho da Bahia, em português), um empreendimento familiar que leva o sabor da autêntica culinária baiana e nordestina para o Reino Unido.

Sob o comando de Camila Vargas, empresária brasileira que vive na Europa há quase 20 anos, o negócio expandiu suas operações, consolidando-se como referência no setor gastronômico.

Com pratos como acarajé e vatapá, o cardápio do Little Piece of Bahia foi cuidadosamente criado para levar os sabores genuínos da Bahia às terras europeias. Atualmente, o empreendimento conta com duas unidades, localizadas em Manchester e Londres, além de operar com serviço de delivery e exportação de pratos típicos para países como Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte.

“Os europeus estão cansados de churrasco, querem experimentar a verdadeira comida baiana”, afirma Camila Vargas. “Nós entregamos em todo o Reino Unido através da DHL. Nosso slogan é: ‘Se você não for à Bahia, a Bahia vai até você’. Não importa onde a pessoa esteja, nós chegamos lá.”

Raízes do sucesso

A história do negócio começa com Maria do Carmo Vargas, mãe de Camila, que em 1989 deixou Salvador e se mudou para Curitiba, onde fundou o Pedacinho da Bahia, uma barraca de comida baiana, com foco no tradicional acarajé, ligado à cultura religiosa afro-brasileira, sendo uma oferenda ao orixá Oyá. Ela foi pioneira na venda de comida baiana em feiras de Curitiba, especialmente na Praça General Osório.

Camila, que inicialmente cursava jornalismo no Brasil, viu sua trajetória mudar após um episódio de racismo que enfrentou na universidade. Incentivada pela mãe, mudou-se para Londres em 2005, onde aprimorou seu inglês e concluiu duas graduações. Já na Europa, construiu uma carreira no setor de serviços e moda, até que, durante a pandemia, sua mãe foi diagnosticada com câncer e fez um último pedido: que Camila continuasse o legado da família e passasse a vender acarajé.

“Minha mãe me preparou para isso seis meses antes de falecer. Eu era a única das cinco filhas que nunca havia trabalhado na empresa, mas ela me disse que era a minha vez de honrar nossa cultura”, relembra Camila. Mesmo sem experiência culinária, ela assumiu a missão, seguindo as orientações da mãe sobre equipamentos e ingredientes, mas com uma lição clara: “Não existe receita exata, a mágica é você quem faz. O acarajé é uma comida de alma.”

Hoje, o Little Piece of Bahia não é apenas um restaurante, mas um grupo de empresas com unidades físicas e itinerantes que participam de feiras de rua em várias cidades do Reino Unido. Em 2023, a unidade de Londres alcançou um faturamento de £400 mil (aproximadamente R$2,5 milhões), enquanto o serviço de delivery realizou mais de 2 mil pedidos.

Camila afirma que seu trabalho é expandir o legado de Maria do Carmo. “Minha mãe levou a Bahia ao sul do Brasil. A minha história se repete, só que em outro continente. A gente tem a miscigenação de várias culturas e o Brasil começou na Bahia. Então virou uma questão de honra levantar a bandeira da minha cidade e do meu estado de origem. Eu vendo cultura através da minha cozinha”.

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