Cantor Leonardo é incluído na ‘lista suja’ do trabalho escravo do MP após fiscalização em fazenda

Cantor Leonardo é incluído na ‘lista suja’ do trabalho escravo do MP após fiscalização em fazenda

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Antonio Dilson Neto

Reprodução/Redes sociais

Publicado em 07/10/2024 às 15:56 / Leia em 3 minutos

O nome do cantor sertanejo Leonardo, cujo nome de batismo é Emival Eterno da Costa, foi adicionado nesta segunda-feira (7) à “lista suja” do trabalho escravo, divulgada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), por meio da Secretaria de Inspeção do Trabalho. A lista, atualizada semestralmente, reúne empregadores que submeteram trabalhadores a condições análogas à escravidão.

Segundo o MTE, 176 novos nomes foram acrescentados, totalizando 727 empregadores na lista.

A inclusão de Leonardo ocorreu após uma operação de fiscalização realizada em novembro de 2023 na Fazenda Talismã, localizada em Jussara (GO), no interior de Goiás. Avaliada em R$ 60 milhões, a propriedade é de posse e administração do artista. Durante a inspeção, técnicos do MTE encontraram seis trabalhadores, entre eles um adolescente de 17 anos, em “condições degradantes”, caracterizadas pelo órgão como “escravidão contemporânea”.

As informações foram divulgadas pelo jornal O Globo.

De acordo com o relatório do MTE, os funcionários estavam alojados em uma casa abandonada, sem acesso a água potável e sem banheiros adequados. As camas eram improvisadas com tábuas de madeira e galões de agrotóxicos. O local, segundo o documento, estava infestado de insetos e morcegos, além de exalar um forte odor fétido.

A lista suja é um instrumento de transparência do governo que visa coibir práticas de trabalho escravo no país, expondo publicamente os empregadores que infringem as leis trabalhistas. A inclusão no documento pode resultar em sanções legais e dificuldades para obter crédito em instituições financeiras.

Foto: Reprodução/MTE/Grupo Especial de Fiscalização Móvel

Ao O Globo, A defesa de Leonardo disse que recebeu a divulgação da “lista suja” do trabalho escravo, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), com “muita estranheza”. O advogado Paulo Vaz afirma que, mesmo o artista não tendo qualquer responsabilidade com as condições análogas a de escravidão a que estavam submetidos funcionários de uma propriedade relacionada a uma propriedade vizinha à Fazenda Talismã, o cantor fez o pagamento de multas para “evitar qualquer discussão”. O caso, referente a uma fiscalização de 2023, teria sido arquivado na sequência aos pagamentos.

Após receber a informação de que seu nome consta na lista, Leonardo — nome artístico para Emival Eterno da Costa — ficou “muito chateado”, afirma o advogado.

“Causa muita estranheza em todos nós que o nome do Emival, Leonardo, esteja na lista. É um assunto de 2023, que já havia sido explicado e arquivado”, diz Vaz. “Quando fomos chamados para a audiência, efetuamos o pagamento de todas as indenizações e multas. Apesar de não ser responsabilidade do Leonardo, quisemos evitar qualquer discussão em torno disso”.

De acordo com o advogado, as terras não estavam em poder de Leonardo no momento em que ocorreu a fiscalização, mas que havia sido arrendada para um produtor para o plantio de soja. Paulo afirma ainda que está em contato com com o MTE para “entender o que aconteceu“.

“Não deveria constar o nome dele na lista” finaliza o advogado.

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