Uma pintura descoberta há seis décadas por um vendedor de sucata em um porão na Itália foi confirmada como sendo uma obra original de Pablo Picasso, podendo ser avaliada em mais de R$ 36 milhões, segundo especialistas.
Em 1962, Luigi Lo Rosso, que buscava itens em casas abandonadas e aterros para revender na loja de penhores da família em Pompeia, encontrou uma pintura assimétrica de uma mulher em um porão na ilha de Capri. Sem perceber a importância da assinatura no canto superior esquerdo que dizia “Picasso”, Lo Rosso emoldurou a obra e a presenteou à esposa, que pendurou o quadro na casa da família.
Em entrevista à CNN, Andrea Lo Rosso, filho do colecionador, disse que a família nunca imaginou o valor da obra: “Quando minha mãe pendurou o desenho na parede, ela o chamava de “rabisco”. Nem passava pela nossa cabeça que era algo tão valioso”. A pintura permaneceu com a família por décadas, até que Andrea, ainda criança, viu uma obra de Picasso em um livro de história da arte e começou a suspeitar que a pintura poderia ser mais do que um simples “achado”.
Apesar de terem tentado autenticar a obra por vários anos, muitas das consultas com especialistas foram frustrantes. “Alguns diziam que não era original, mas estranhamente ofereciam dinheiro por ela. Isso nos deixou desconfiados”, contou Andrea. A polícia do patrimônio italiano chegou a investigar se a pintura havia sido roubada, mas como não estava autenticada, a família foi autorizada a mantê-la.
Somente em setembro de 2023, a grafóloga Cinzia Altieri conseguiu certificar a autenticidade da assinatura de Picasso. “Não há dúvida de que a assinatura é dele”, declarou Altieri, após meses de análise detalhada e comparações com outras obras do artista.
Agora, a família aguarda o reconhecimento oficial da Fundação Picasso, em Paris, o que pode aumentar ainda mais o valor da obra. Para Andrea Lo Rosso, o momento é de expectativa: “Estamos felizes, mas ainda falta um último passo para celebrar. Vamos esperar o reconhecimento final”.
Uma vez certificada, a pintura será leiloada em homenagem a Luigi Lo Rosso, que sempre desejou ver a obra devidamente valorizada. “Meu pai queria que a pintura fosse reconhecida e vendida. Vamos fazer isso em sua memória”, concluiu Andrea.
