Cerca de 24 milhões de brasileiros participaram em jogos de azar e apostas no mês de agosto, movimentando R$ 20,8 bilhões. Os dados foram divulgados pelo Banco Central, em um momento em que os jogos de apostas, também chamados de bets, ainda são uma novidade no Brasil.
As apostas esportivas online foram liberadas no país desde 2018, sem qualquer regulação, e já criaram um mercado bilionário, com presença massiva até nas TVs e redes sociais. Segundo o BC, a maioria dos apostadores tem entre 20 e 30 anos. Os mais jovens investem cerca de R$ 100 por mês, enquanto os mais velhos chegam a gastar mais de R$ 3 mil.
Somente em agosto, cerca de 5 milhões de pessoas de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões em apostas, através do Pix. Destes, 4 milhões (70%) são chefes de família e enviaram R$ 2 bilhões (67%) por Pix para as bets.
A pesquisa do BC confirma os resultados de outros estudos, que apontam que as famílias de baixa renda são as mais prejudicadas pela atividade das apostas esportivas. “É razoável supor que o apelo comercial do enriquecimento por meio de apostas seja mais atraente para quem está em situação de vulnerabilidade financeira”, disse o banco em nota.
Após a publicação dos dados, o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, divulgou nota afirmando que os programas sociais de transferência de renda foram criados para garantir a segurança alimentar e atender às necessidades básicas das famílias em situação de vulnerabilidade.
“A prioridade sempre será combater a fome e promover a dignidade para quem mais precisa”, destacou. “Tenho certeza de que o governo federal, ao tratar desse tema, levará em consideração a proteção dos mais vulneráveis e os impactos sociais que possam surgir”, reforçou, destacando que irá acompanhar a regulamentação e encontrar mecanismos para evitar que dinheiro dos benefícios sociais sejam utilizados em jogos.
Bets avançam no país
Em 2023, o Congresso Nacional aprovou uma parte da regulação enviada pelo governo do presidente Lula. Uma segunda etapa, com regras de operação definidas pelo Ministério da Fazenda, entrará em vigor já no próximo mês de outubro.
A regulamentação prevê que as empresas de apostas, para operar no Brasil, precisam ter presença no país e um sócio nacional, entre outros requisitos, como o pagamento de uma outorga. O governo recebeu 113 registros até o prazo final, em 20 de agosto.
A MGM Resorts International, Betfair, de propriedade da Flutter Entertainment; a sueca Betsson AB; e a maior empresa de cassino e entretenimento dos Estados Unidos, a Caesars Sportsbook, estão entre as que fizeram pedidos de registro. O governo estima que, apenas nas outorgas para autorização de funcionamento, sejam arrecadados até R$ 3,4 bilhões, sem considerar os impostos que as bets regularizadas passarão a recolher.