“Com certeza já tiveram algumas pessoas que ficaram comigo por curiosidade, por quererem experimentar algo diferente”. Essa é a frase de Giovanni, personagem que abre o documentário “Assexybilidade”, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (19). Dirigido por Daniel Gonçalves, o filme apresenta histórias sobre a sexualidade de pessoas com deficiência e a diversidade de experiências pelo olhar de quem tem alguma condição física ou intelectual, entre elas Eduardo Oliveira, professor da escola de dança na Universidade Federal da Bahia.
“Sempre me entendi como uma pessoa ativa no desejo, mas comecei a explorar mais a partir dos 20 anos, quando me descobri homossexual e fiquei mais desenvolto”, conta o baiano, de 48 anos, ao jornal O Globo. “Sou casado há quase duas décadas e somos felizes na cama. Sem afetividade, não há reciprocidade no prazer, e conseguimos satisfazer um ao outro”, conta, afirmando que a cadeira de rodas nunca foi sinônimo de frigidez.
E é neste ponto que está a ideia central da produção, de desmistificar a sexualidade de pessoas com deficiência e derrubar percepções de cunho capacitista. Ao longo de quase 1h30 de duração, o filme apresenta 15 personagens que contam histórias pelas quais já passaram envolvendo sexualidade. As narrativas incluem casos extremos de capacitismo, preconceito, curiosidade de pessoas próximas, autoconhecimento e choque de realidade no próprio núcleo familiar.
“A produção do documentário passa muito pela minha própria experiência. Eu também já passei por situações de me envolver com pessoas que tinham curiosidade de ficar com alguém com deficiência e já levei muitos foras por conta da minha condição. Entretanto, o sexo para pessoas com deficiência não é inexistente. Nós também transamos, também temos desejo e isso não pode ficar escondido. Por isso, o documentário é tão importante para levantar o debate e ainda mostrar que somos como qualquer outra pessoa”, defende o diretor.
Em Salvador, “Assexybilidade” será exibido no Cinema do Museu, do Circuito Saladearte, no Corredor da Vitória, em sessões às 18h (quinta-feira), às 17h40 (sexta, segunda e quarta), às 17h10 (sábado), 17h35 (domingo) e 18h10 (terça).
A première mundial do filme foi em julho de 2023, no OutFest Los Angeles. A primeira exibição brasileira foi no Festival do Rio, onde ganhou o Prêmio de Melhor Direção de Documentário e uma menção honrosa do Prêmio Félix. Recebeu ainda os prêmios de Melhor Direção de Longa-Metragem, no Festival For Rainbow, em Fortaleza; e o Grande Prêmio do Júri – Melhor Longa-Metragem Documentário, no NewFest, em Nova York. O filme também foi exibido em festivais na Noruega, Bélgica, Itália, Holanda, Chile, Eslovênia, Áustria, França, Suíça, e Espanha.