A Têm Dendê Produções acaba de anunciar o seu mais novo projeto. Trata-se da série “Em Pedaços”, que colocará em pauta como a mulher brasileira, vítima constante de violências física, psicológica e moral, pode se recompor e se amparar nos avanços desses campos para garantir a sobrevivência e segurança no Brasil. Com roteiro de Daniel Arcades e Vânia Lima, que também assina a direção da obra, o projeto tem previsão de estreia para março de 2025, mês marcado pelo Dia Internacional da Mulher.
Ao longo dos episódios “Cultura do Estupro”, “Além das Paredes – Violência Doméstica”, “Feminicídio” e “Violência Política de Gênero”, a série documental apresenta entrevistas com nomes das áreas de Ciências Sociais, como a historiadora Edinelia Souza e a pesquisadora Márcia Tavares; de Saúde, como as psicólogas Patrícia Brito e Darlane Andrade; e de Direito, com a advogada Fayda Belo e a promotora de justiça Sara Gama. No campo da política, a Secretária Municipal de Política para Mulheres, Infância e Juventude de Salvador, Fernanda Lordêlo, a deputada estadual Olívia Santana, e a coordenadora de Prevenção à Violência baseada em Gênero e Raça da Secretaria de Políticas Para as Mulheres da Bahia, Francileide Araújo, gravaram depoimentos para “Em Pedaços”. Participam ainda da obra as atrizes Naira da Hora, Tacira Coelho, Cássia Valle e Evana Jeyssan.
“‘Em pedaços’ é um convite e ao mesmo tempo uma provocação para construirmos uma postura combativa diante da violência contra a mulher. As cenas de ficção são baseadas nas inúmeras histórias reais que colecionamos durante a realização do projeto, infelizmente elas são muitas. Convidamos quatro atrizes para apresentar um pouco do universo das sobreviventes. Acredito que tem uma potência importante nessa presença marcando os quatro temas dos episódios”, pontua Vânia Lima, que destaca ainda a construção de diálogos sobre essa violência com ativistas e protagonistas dessa luta, encontrando diagnósticos importantes e traçando possíveis caminhos para mudança desse quadro.
Atriz do Bando de Teatro Olodum e escritora, Cássia Valle define a experiência com o projeto: “poder estar experimentando usar mais uma vez a arte para falar de coisas importantes e fazer deste corpo cada vez mais um corpo político. A palavra, a arte e as ações dentro de situações tão terríveis como essas que a gente fez no projeto, cada vez mais se faz mais importante e necessário”.
Coordenadora de Prevenção à Violência baseada em Gênero e Raça da Secretaria de Políticas Para as Mulheres da Bahia, Francileide Araújo também gravou seu depoimento. Em entrevista à produtora, ela conta que acredita que usar o audiovisual a favor do assunto ajuda a provocar mudanças significativas. “A gente sabe que é um problema estrutural, a gente sabe que a violência se manifesta na trajetória de todas as mulheres, a gente está suscetível à violência de gênero do momento que a gente sai de casa ao momento que a gente retorna para casa, inclusive dentro de casa. Quando o cinema traz essa pauta, debate isso, quando a gente populariza e democratiza essa pauta, a gente realmente está contribuindo para esse processo de mudança social e cultural”.