O longa-metragem baiano “Saudade Fez Morada Aqui Dentro”, com direção de Haroldo Borges, estreará nos cinemas de todo o Brasil no dia 19 de setembro, após uma trajetória de premiações em festivais como o Festival de Mar del Plata, Festival de Málaga, Festival do Rio e Mostra de São Paulo. O filme também está na lista de pré-candidatos brasileiros que disputam uma vaga no Oscar 2025.
Na trama, o público acompanha a história de Bruno (Bruno Jeferson), um menino de 15 anos que está perdendo a visão de forma irreversível. Com todas as incertezas da adolescência, amplificadas pela cegueira iminente, o filme converte o destino trágico de seu protagonista em um relato de aprendizagem coletivo.
A ideia de abordar a perda da visão surgiu após as eleições de 2018. “Após mergulharmos no período onde a política brasileira tomou o rumo para a escuridão, o mais impressionante foi encontrar amigos e familiares que estavam torcendo pelo governo fascista. Parecia uma verdadeira epidemia de cegueira que se espalhava por todo o país. Precisávamos de uma história sobre a cegueira. E a história de Bruno parecia ser a metáfora perfeita para o que estávamos vivendo. Mas não queríamos uma cheia de desesperança, porque já estávamos todos mergulhados naquele cenário apocalíptico. “, explica o diretor e roteirista Haroldo Borges. “Queríamos contar uma história que apontasse para a luz, que mesmo dentro dessa escuridão, houvesse a possibilidade de luz“.
O filme, além de levar as paisagens do interior da Bahia para a tela, também buscou incorporar representantes da comunidade local ao elenco e à equipe. Os atores Bruno Jeferson, Ronaldy Gomes, Angela Maria e Terena França foram escolhidos após um processo de seleção que envolveu 1,3 mil jovens de escolas públicas do sertão baiano. A direção optou por não revelar o roteiro para os atores. “Toda a história foi transmitida oralmente, cena a cena”, explica Haroldo Borges. “Os atores entendem a situação e defendem seus personagens com vocabulário próprio.”