Uma análise da Agência Espacial Americana (Nasa) mostrou alguns lugares do mundo que podem se tornar inabitáveis nas próximas décadas com a escalada das temperaturas.
De acordo com o estudo, que mapeou cinco regioões do planeta, a sobrevivência humana em áreas do Centro-Oeste, do Nordeste, do Norte e do Sudeste do Brasil pode se tornar impossível em 50 anos.
Segundo a agência norte-americana, essas regiões se tornariam inabitáveis pela projeção de temperatura de bulbo úmido, um cálculo que mostra o quanto um objeto consegue se resfriar quando a umidade dele evapora.
Colin Raymond, cientista responsável pelo estudo, afirma que os seres humanos conseguem sobreviver por seis horas em uma temperatura de bulbo úmido acima de 35 ºC. Acima disso, o suor já não é mais capaz de resfriar o corpo.
“Pense em quando você sai de um banho quente. A água evapora do seu corpo e você se sente mais fresco. Mas se estiver quente ou úmido (ou ambos) no ambiente, será mais difícil sentir frio. Essa sensação está diretamente relacionada ao que a temperatura do bulbo úmido está medindo”, explicou a NASA, em uma publicação no site oficial.
A NASA também destacou que partes do Golfo Pérsico, no oriente médio, o sul do Ásia e o Mar Vermelho, região entre o continente africano e o asiático, podem atingir temperaturas inabitáveis ainda mais cedo, em 2050. A projeção é de que o cenário atinja o território brasileiro e o leste da China em 2070.
Os resultados foram descritos em estudo publicado na revista científica Science Advances.
Principais motivos para a possível inabitabilidade no Brasil
Aumento do nível do mar
O derretimento das geleiras e calotas polares está elevando o nível do mar, ameaçando cidades costeiras como o Rio de Janeiro. A elevação do mar pode deslocar populações e causar danos significativos às infraestruturas.
Eventos climáticos extremos
Ondas de calor, secas prolongadas, inundações e furacões se tornarão mais frequentes e intensos. Esses eventos extremos podem devastar a agricultura, danificar infraestruturas e impactar gravemente a saúde humana.
Mudanças nos padrões de precipitação
Regiões áridas podem se tornar ainda mais secas, enquanto outras enfrentarão chuvas torrenciais, resultando em inundações e erosão do solo. O Nordeste brasileiro já enfrenta desafios significativos relacionados à escassez de água.
Acidificação dos oceanos
O aumento de dióxido de carbono na atmosfera está tornando os oceanos mais ácidos, prejudicando a vida marinha. Isso afeta especialmente corais e crustáceos, que são cruciais para os ecossistemas oceânicos.
Perda de biodiversidade
As mudanças climáticas podem levar à extinção de diversas espécies de plantas e animais, desestabilizando ecossistemas inteiros. Estima-se que a Amazônia possa perder até 60% de suas espécies até o final do século.
Impactos na saúde humana
O calor extremo, a poluição do ar e a disseminação de doenças, como malária e dengue, aumentam o risco de problemas de saúde respiratórios, cardiovasculares e infecciosos.