Museu no Centro de Salvador abre nova exposição com mais de 200 obras de 80 artistas negros

Museu no Centro de Salvador abre nova exposição com mais de 200 obras de 80 artistas negros

Redação Alô Alô Bahia

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Divulgação

Publicado em 18/07/2024 às 21:06 / Leia em 4 minutos

Recuperar tecnologias ancestrais através da temporalidade do sagrado africano. Sob esse conceito, o Museu Nacional da Cultura Afro-brasileira (Muncab) abre, nesta sexta-feira (19), às 18h, a exposição “Raízes: Começo, Meio e Começo”. Com mais de 200 obras de 80 artistas negros, como Emanoel Araújo, Heitor dos Prazeres, Lita Cerqueira e Juarez Paraíso, a exposição enaltece as tecnologias das matrizes africanas que moldaram a construção identitária do Brasil.

A exposição segue até 9 de março de 2025, de terça a domingo, das 10h às 17h (com acesso até às 16h30). Os ingressos custam R$20 (inteira) e R$10 (meia), com gratuidade aos domingos e quartas-feiras.

Na cultura iorubá, que chega ao Brasil no século XVIII pelos povos originários da Nigéria, Daomé e do Togo, o tempo é recorrente, com padrões e eventos que se renovam, indo de encontro à linearidade ocidental irreversível que se prende ao início, meio e fim. Dessa forma, “Raízes: Começo, Meio e Começo” propõe-se a mostrar a circularidade do tempo e a conexão do presente e do futuro com os antepassados, bem como evidenciar que nascimentos, euros de passagem e mortes são ciclos de continuidade e não de perdas, lutos ou evento isolados.

Com curadoria de Jamile Coelho e Jil Soares, a exposição é dividida em cinco eixos temáticos, que preenchem os dois andares do Muncab: Origens, Sagrado, Ruas, Afrofuturismo e Bembé do Mercado. “‘Raízes: Começo, Meio e Começo’ entrelaça a circularidade do tempo, para refletir sobre as tecnologias ancestrais. Presente, futuro e passado formam as raízes de um grande baobá. Para algumas etnias originárias africanas, essa espécie vegetal de grande porte é a árvore da vida. Reconhecemos a diáspora afro-brasileira como uma das ramificações dessa raiz ancestral”, explica Jamile Coelho, que também é diretora do Muncab, sobre a pesquisa para a exposição.

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Ori, de Mario Vasconcelos, é um dos destaques da exposição

Exposição – O núcleo “Origens” parte do princípio de tudo. Salvador é descrita como o útero da raça negra na diáspora. Narrativas visuais guiam o público pela travessia identitária das águas oceânicas que moldaram a formação dos quilombos a partir dos navios negreiros.

Já o território ”Sagrado” aprofunda as tradições espirituais. Mesmo dispersas, elas foram capazes de reatualizar e ritualizar suas conexões existenciais de pertencimento, por meio do culto aos orixás, nkisis e voduns juntados aos caboclos encantados da terra. Artefatos, músicas e danças celebram a força dos espíritos.

“Os visitantes são convidados a refletirem sobre a diáspora afro-ameríndia e a continuidade das tradições ancestrais, baseando-se na experiência visual como um testemunho contemporâneo. A exposição é uma jornada imersiva para contemplar esse berço civilizatório sob a perspectiva das manifestações artísticas, dos rituais religiosos e do modo de organização social e política, transmitidos entre gerações”, destacou Jil Soares.

O espaço “Ruas” abraça o “pretuguês,” neologismo que define o simbólico universo linguístico, ar- tístico, gastronômico, político, social e cultural enraizado nas matrizes africanas. A paisagem urbana das cidades de Salvador, Luanda, Montevidéu, Porto Novo, Havana e Lagos carregam semelhanças dessa identidade sinônimo da resistência.

O ambiente ”Afroturismo” promove o encontro entre ficção científica, tecnologia, realismo fantástico e mitologia para retratar a vida plena da população negra nas artes visuais e na moda. Desta forma, recupera a autoestima de povos historicamente subalternizados, para projetar futuros libertários por meio da inserção da estética negra nas artes consideradas contemporâneas.

O eixo “Bembé do Mercado” registra os patrimônios culturais imateriais expressos na musicalidade, na língua, nos versos, nos sotaques e nos saberes sociais. A cidade de Santo Amaro, no Recôncavo da Bahia tornou-se palco do maior culto do candomblé de rua do Brasil, tendo sido realizado pela primeira vez em 1889 em celebração à Abolição da Escravatura. Um símbolo da manifestão da fé dos povos negros.

“Raízes: Começo, Meio e Começo” também reverencia o princípio dinâmico de todas as coisas de Exu, o orixá regente de 2024. A exposição é uma produção do Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira em parceria com a RCD Produção de Arte.

Muncab – Museu Nacional da Cultura Afro-brasileira
Endereço: Rua do Tesouro, 61 -127, Centro, Salvador.

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