Após confirmar, através de assessoria de imprensa, que se despediria dos palcos em 2025, Gilberto Gil acalmou um pouco o coração dos fãs, em entrevista ao Estadão desta quinta-feira (18). “De grandes turnês, essa será a última”, disse o baiano sobre a derradeira série de apresentações no ano que vem.
“Eu acho que é hora de dar uma freada nesse processo que se tornou regular de excursões sucessivas e intensas”, seguiu o cantor, em conversa com o repórter Danilo Casaletti, explicando que o tempo, aquele que ele canta tão bem na clássica “Tempo Rei”, foi o principal motivo para a decisão. “A passagem do tempo mesmo, a idade, a necessidade de ficar em casa, dedicações outras e não só a essa exigência da aceleração”.
Ele garante, no entanto, que não é uma despedida definitiva dos palcos e muito menos da música. “Quero continuar fazendo música normalmente. Eventualmente também ainda me apresentando, mantendo uma relação mínima com o público, mas uma relação mais calma e menos robusta”, ponderou.
Apesar de ter mostrado disposição no palco nas últimas turnês, Gil pondera que, para esse vigor, “já é necessário muito esforço físico, mental, espiritual, de linguagem”, mas confessa que o prazer de estar no palco não diminuiu com o tempo. “O prazer é o mesmo!”, garante o artista, que segue antenado com o mercado atual apesar do tempo.
Tanto que não pretende lançar um disco novo para a turnê. “Hoje em dia não são feitos mais discos como antigamente. Hoje, os meninos fazem uma música, duas no máximo. Seis meses depois lançam mais
outras e, eventualmente, compilam um produto final. Não pretendo fazer um disco para turnê ou qualquer coisa desse tipo”, antecipou o artista, que está bem com a decisão tomada.
“Essa constatação natural de que tudo que tem um começo e tem um fim é um dos princípios do taoismo. Na filosofia oriental, tudo é muito natural. Organicamente, entendi, compreendi e adotei isso para minha vida. Então, é um processo todo muito natural para mim”, reflete.