A exposição ‘Waia’mu’, dos artistas baianos Lia Cunha e João Milet Meirelles, estreia na próxima quarta-feira (24), às 19h, na RV Cultura e Arte, em Salvador.
A abertura da exposição terá, também, uma performance inédita dos artistas, desenvolvida especialmente para a ocasião, a partir do álbum sonoro que integra a mostra.
A performance será gratuita e aberta ao público, sem necessidade de agendamento prévio.
A expo-cápsula seguirá em cartaz até 24 de agosto, presencialmente na galeria RV Cultura e Arte – de segunda a sexta, das 10h às 18h e, aos sábados, das 10h às 14h.
Também é possível conhecer a exposição de forma online, pelo site da galeria.
Waia’mu é um projeto que navega entre os territórios da imagem e do som, e vem sendo desenvolvido desde 2022, quando Lia e João estiveram na residência artística do Instituto Sacatar, na Ilha de Itaparica (BA).
Multilinguagens
Composta como um exercício em antropologia especulativa, uma brincadeira perspectivista que propõe semear questões como “Como estabelecer diálogos com os seres criativos da mata? Como pensar o mundo a partir de entes outros-que-humanos?”, a pesquisa busca reformular noções de corpo/comunidade e desmontar a ideia de humanidade no antropoceno através de fabulações na figura do Guaiamum – caranguejo escuro azulado referenciado pelo termo tupi waia’mu.
Partindo da prática estética e reflexiva da caminhada, a dupla se propôs a fazer gravações de áudio em campo e registros gráficos a partir de derivas pela Ilha, que então se desdobraram primeiramente em fotografias e desenhos, em seguida em experimentos em cianotipia e finalmente em um livro de artista e um álbum musical, trabalhos que, em última instância, selam a nova colaboração entre os dois, ao mesmo tempo em que reforçam interesses e processos pessoais.
“A exposição aborda como as interações com outras espécies e seres imaginados pode nos ajudar a transcender padrões humanos tradicionais e a criar novos modos de vida baseados em referenciais distintos. “Waia’mu – jeito de corpo” é um exercício nesta direção. É um livro-objeto com miolo em cianotipia e capas de cerâmica, composto a partir de uma fotoperformance desenvolvida durante nossa residência artística. A proposta é se aproximar da perspectiva dos Guaiamuns, aprender suas coreografias, e explorar formas alternativas de habitar o mundo” comenta Lia.
“Já o álbum musical Waia’mu é uma obra que emerge das paisagens sonoras da Ilha de Itaparica. Este álbum em vinil foi criado a partir de gravações de campo, capturando texturas sonoras, soundscapes e depoimentos. Cada faixa incorpora sons ambientes e falas dos moradores locais, que, em suas narrativas, revelam a relação com o mais-que-humano, especialmente o guaiamum“, completa João.