Geiza Santos sempre gostou de artesanato, mas seu sustento vinha do trabalho no comércio de Ituberá, no baixo sul da Bahia. Trabalhou como caixa de supermercado, em loja de moto. Até que uma ida despretensiosa a uma oficina de artesanato, em Nilo Peçanha, mudou sua rota. O começo não foi fácil, cogitou até desistir. Aos poucos, foi encontrando novos caminhos para fazer da arte um meio de vida.
Hoje, Geiza, que se define como artesã designer, se orgulha de ter peças que levam sua assinatura (um conjunto com seis réplicas de folha de cacau) na suíte presidencial do Tivoli Mofarrej. Com 750 m², a suíte é considerada a maior da América Latina e já recebeu nomes como Mick Jagger, Lady Gaga e Catherine Deneuve.
A acomodação tem área de 700 m² e está localizada no 22º andar, com vista panorâmica para a cidade de São Paulo. O apartamento está dividido em uma sala ampla com ambientes abertos e três suítes. Há também uma acomodação específica para acomodar o staff dos hóspedes, que muitas vezes trazem consigo seguranças.
“Um consultor do Sebrae estava assistindo ao programa Hoteis Incríveis, na Sky, viu minha peça e me avisou. Já vendi também para fora do país, para a La Maison, na França”, conta, feliz.
A artesã começou com biojóias de coco de piaçava, depois mergulhou nas peças de decoração. Chegou a dar aulas de artesanato em comunidades tradicionais – duas quilombolas e uma ribeirinha -, mas as vendas e encomendas foram tomando tempo e ela não conseguiu conciliar. “Participo de eventos o ano inteiro. Já tenho uma carteira de clientes grande e a maior parte do meu público é lojista. A Fenearte é uma grande vitrine. Encontro lojistas, arquitetos. Além das vendas, é uma forma de divulgar meu trabalho”.
Ela vê suas peças ganharem o mundo, mas se depender de Geiza, vai manter os pés fincados na terra de onde tira o barro, a madeira e a piaçava para dar vida às suas peças. “É um trabalho muito delicado, de criação, de paciência. Gosto de caminhar no mato em busca de inspiração e depois desenhar as peças. Por isso que meu trabalho tem muita réplica de folha. Minha matéria prima está lá e também tem a qualidade de vida no interior”, defende.
A artesã está entre os baianos que participaram da 24ª Feira Nacional de Artesanato (Fenearte), no Pernambuco Centro de Convenções, em Olinda. Numa área de mais de 25 mil m² – o equivalente a 38 campos de futebol – o público pôde conferir peças artesanais distribuídas em 700 estandes. O evento foi realizado de 3 a 14 de julho.