Após greve, ano letivo da Ufba só vai acabar em fevereiro de 2025

Após greve, ano letivo da Ufba só vai acabar em fevereiro de 2025

Redação Alô Alô Bahia

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Larissa Almeida para o Correio*

Marina Silva/Correio*

Publicado em 04/07/2024 às 22:47 / Leia em 5 minutos

Uma semana após o fim da greve dos professores da Universidade Federal da Bahia (Ufba), as novas datas do calendário do ano letivo de 2024 foram definidas pelo Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) na última quarta-feira (3). De acordo com a resolução elaborada por conselheiros representantes da Administração Central, docentes, estudantes e servidores técnico-administrativos, as atividades acadêmicas de 2024 na Ufba vão até o dia 14 de fevereiro de 2025.

O semestre 2024.1, que iniciou no dia 11 de março e esteve em curso até o dia 29 de abril – data em que oficialmente a greve foi deflagrada pelos professores – teve como data de retomada o dia 27 de junho e terá como data de encerramento o dia 6 de setembro de 2024, totalizando 60 dias de aulas letivas pós-greve.

No entanto, uma vez que a Reitoria da Universidade decidiu que os alunos só voltassem às salas de aula nesta quinta-feira (4), depois de ter voltado atrás da decisão de retorno imediato, os dias de aula perdidos deverão ser repostos.

Ainda na última quarta-feira, a Superintendência Acadêmica da Ufba estabeleceu um novo período para trancamento de disciplinas, que passou a valer desde o dia 3 de julho e tem como prazo final o dia 7 de julho. Segundo o ofício em que consta o comunicado, a opção ofertada visa evitar prejuízos aos alunos, permitindo que aqueles que solicitaram o trancamento antes da greve tenham seus pedidos revisados e que outros possam fazer novas solicitações, se assim desejarem.

Após 24 dias de férias, o semestre 2024.2 tem início no dia 30 de setembro deste ano. Ele pausa entre os dias 23 de dezembro de 2024 e 4 de janeiro de 2025 para o recesso de fim de ano, e retorna no dia 6 de janeiro. O ano letivo tem fim previsto para o dia 14 de fevereiro, totalizando 100 dias de atividades acadêmicas.

Definição e balanço dos ajustes

De acordo com Lucas Romeu, representante estudantil e conselheiro do Consepe, os ajustes feitos no calendário tiveram três critérios norteadores. O primeiro deles teve como referência a obrigatoriedade de cumprimento de 100 dias letivos por semestre. “Como tivemos 62 dias de greve – e 40 dias letivos perdidos –, todos esses dias precisaram ser repostos”, afirma.

Outros critérios foram quanto às definições das datas, que levaram em consideração a pausa em datas importantes e o cuidado de evitar aulas muito próximas ao Carnaval, que tem início no final de fevereiro de 2025. Houve também análise na determinação do período de matrícula entre um semestre e outro. Segundo ele, o tempo de três semanas é o período mínimo que os órgãos superiores precisam para as etapas de matrícula e inscrição em componentes curriculares.

Reitor da Ufba e um dos conselheiros do Consepe, Paulo Miguez acredita que não haverá impactos negativos causados pelas novas datas por conta do empenho coletivo empregado pelo Conselho no que diz respeito aos ajustes no calendário. “Graças a isso, os impactos devem ser os mais positivos, cumprindo o calendário acadêmico conforme determina a lei, sem comprometer o ano seguinte, 2025, que deverá ter semestres típicos”, declarou.

Por sua vez, para Lucas Romeu, os impactos devem ser mínimos. “Talvez em alguns momentos o calendário fique um pouco corrido, por haver muitas aulas em dezembro e janeiro, ocasionando um possível esvaziamento da universidade”, diz.

Osny Guimarães, também representante estudantil e conselheiro do Consepe, vê outras complicações para além da possível pressa das atividades acadêmicas. “O fim do ano letivo, para nós que vamos ter que estudar até fevereiro e também para os professores de forma geral, tem o impacto do verão de Salvador e o período pré-Carnaval, porque há uma questão de organização da cidade em torno do Carnaval. Isso envolve a questão da própria disposição da Ufba. O campus Ondina muitas vezes é fechado durante esse período, ainda há a questão do calor e da climatização das unidades. Isso é o que mais preocupa, bem como as possíveis consequências decorrentes disso”, aponta.

Professores analisam possíveis impactos das novas datas

Professora do Instituto de Geociências da Ufba (Igeo/Ufba), Ana Santana acredita que os ajustes foram os possíveis a fim de garantir o período letivo, mas admitiu que parte do seu planejamento vai precisar ser revisto com as novas datas. “Eu ministro disciplinas com atividades de campo. Em uma, por exemplo, vamos para Rio de Contas, na Chapada Diamantina. O principal impacto, no nosso caso, é que as disciplinas de campo são pensadas para que ocorram em meses com as melhores condições climáticas possíveis”, conta.

“Com o calendário como está precisaremos fazer algumas adequações nas nossas atividades de campo a fim de garantir melhor conforto térmico e segurança para as pessoas que participam”, completa.

Para Alexandro Mota, professor temporário da Faculdade de Comunicação da Ufba (Facom/Ufba), o principal desafio será a necessidade de emplacar um novo ritmo com os alunos, assim como realinhar a confiança e as expectativas, tendo em vista a necessidade de ser flexível a algumas datas. “As minhas próximas aulas terão caráter de revisão, de reaproximação dos assuntos que vimos até aqui e da turma em si”, diz.

Já o professor Alcides Caldas, do Igeo/Ufba, afirma que, toda vez que um movimento paredista ocorre, os professores que participam já têm em mente a reposição dos dias de aulas e, desta vez, não foi diferente para ele. “Para mim, os impactos são os mínimos possíveis. Isso já faz parte da trajetória de lutas dos professores por uma universidade de qualidade e inclusiva”, conclui.

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