Biodiamantes custam menos de R$ 4 mil e podem ser parcelados em 10 vezes

Biodiamantes custam menos de R$ 4 mil e podem ser parcelados em 10 vezes

Redação Alô Alô Bahia

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Correio*

Reprodução/The Diamon

Publicado em 29/06/2024 às 08:05 / Leia em 5 minutos

Das cinzas de cremação são necessários cerca de 200 gramas. Mecha de cabelo humano ou pelos de animais, menos material biológico ainda: só 10 gramas. Submetidos a um ambiente de alta pressão e temperatura de até 1.500 ºC, não vai ser preciso milhões de anos para ter um diamante que pode custar até R$ 3.890 mil e ser parcelada em 10 vezes no cartão de crédito.

A tecnologia que produz em laboratório os chamados biodiamantes não é nova, porém, cada vez mais, vem se tornando acessível e ganhando espaço no mercado de joias, sobretudo, diante de um público que quer transformar a pedra em memória: seja de um ente querido que se foi, um animal de estimação ou até mesmo entre os noivos.

“Biodiamantes são diamantes criados em laboratório que se tornaram uma alternativa cada vez mais popular. Esses diamantes são produzidos em ambientes controlados usando tecnologias avançadas que replicam as condições geológicas que formam diamantes naturais. São quimicamente, fisicamente e opticamente idênticos aos diamantes extraídos”, explica a CEO da The Diamond, Mylena Cooper.

Atualmente, a sede do laboratório da The Diamond fica na região metropolitana de Curitiba, em Almirante Tamandaré (PR). No entanto, a marca, que tem expectativa em aumentar as vendas em 16% esse ano, está de olho no mercado baiano.

“Participamos recentemente da Feira Funerária de Salvador onde levamos nossa coleção de joias com novo design e algumas peças de biodiamantes. E com esta iniciativa, além de fortalecer nossa presença no mercado, em relação aos negócios, posso dizer que foi além de nossas expectativas. Conseguimos alcançar nossa meta entrando com nossa marca em novos estados do país também”, comenta.

A pedra fica pronta em menos de três meses com a mesma aparência e propriedades físicas do diamante natural, ainda que sintética. “Após a coleta do material biológico ele é identificado e codificado. Essa identificação irá acompanhar todo o processo, desde a recepção das cinzas ou dos cabelos, até a entrega do diamante. Em laboratório, é feita a análise e o certificado de auditoria de composição química, como se fosse uma ‘impressão digital química’”.

Com esse laudo, é iniciado o processo físico e químico para extrair o carbono da amostra. O carbono se transforma em grafite e posteriormente diamante. Quanto mais tempo dentro do equipamento, maior o biodiamante fica. “Um rigoroso controle de qualidade é feito. São avaliados o peso, o corte, a autenticidade e a cor do diamante. Esses dados são emitidos na certificação de que foi produzido a partir de 100% dos cabelos ou de cinzas de cremação”, complementa Mylena.

É possível lapidar a pedra no formato redondo/brilhante e os tamanhos variam, podendo chegar até dois quilates. O cliente também escolhe a cor na tonalidade amarela, azul ou branca. “O diamante pode ser cravado em anéis, colares e pulseiras. O verdadeiro valor é incalculável no mercado das pedras, graças ao valor sentimental da peça. No momento, estamos estudando novos modelos para a coleção The Diamond”.

Artificial?

Sim. Porém, a gema é de verdade. Segundo o mestre em geologia e especialista em diamantes, Matheus Nascimento, ainda que os diamantes sintéticos geralmente não possuam a mesma dureza que um diamante natural, um biodiamante é um diamante, só que formado em laboratório com material orgânico.

“É plenamente possível produzir diamantes a partir de cinzas de pessoas e animais, ou de mechas de cabelo e amostras de pelo. Dependendo do material utilizado, os biodiamantes podem apresentar magnetismo ou fluorescência, que não são propriedades encontradas em diamantes naturais. Além disso, os diamantes naturais geralmente possuem microinclusões, uma característica que não se consegue igualar em pedras sintéticas”, destaca.

Em termos de métodos, entre os mais conhecidos está o HPHT (high pressure, high temperature), quando o diamante é fruto de condições de alta pressão e temperatura, ao tentar reproduzi-lo recriando as condições do ambiente natural. Já o CVD (Chemical Vapor Deposition) – ou ‘deposição química de vapor’ – é uma técnica que cria o biodiamante por meio da mistura de gases hidrocarbonetos.

Ainda de acordo com o especialista, a procura por biodiamante vem aumentando devido a popularização da técnica, principalmente nas redes sociais. “Ações de marketing trazem notoriedade para técnica e aumenta a demanda por este tipo de produto. Outro fator é o barateamento da tecnologia que produz essas gemas”.

Ainda que o biodiamante não seja a mesma pedra preciosa com origem em jazidas exploratórias, o especialista levanta algumas questões sobre a produção. O valor de mercado da gema – seja natural ou sintética – vai depender de vários fatores como a cor, lapidação, histórico da pedra ou até mesmo se é ou já foi de origem do material biológico de algum famoso.

“Para produzir esse material, se gasta muita energia, assim como o carbono puro (material utilizado para a fabricação) tem um custo alto quando se leva em consideração os processos químicos para a eliminação de outros elementos. Vejo os biodiamantes como uma homenagem, uma lembrança eterna para os portadores, uma alternativa moderna e personalizada aos diamantes naturais”, ressalta Nascimento.

 

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