Daniela Mercury une música, poesia e discurso firme no III Fórum ESG: ‘Chega de negativismo’

Daniela Mercury une música, poesia e discurso firme no III Fórum ESG: ‘Chega de negativismo’

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

José Mion

Elias Dantas e Jefferson Peixoto / Alô Alô Bahia

Publicado em 23/05/2024 às 00:28 / Leia em 4 minutos

“Artista adora subverter a ordem”, disse Daniela Mercury, a certa altura de sua fala na abertura do III Fórum ESG Salvador, no Porto Salvador, na noite desta quarta-feira (22). E foi exatamente o que fez a cantora e ativista, encerrando as palestras que marcaram o início da programação do evento, falando sobre o papel da Indústria Cultural na proteção do clima.

No palco, a artista, a seu modo, resgatou um pouco da sua trajetória, entrelaçando-a, através da música e da poesia, com a luta pelos direitos humanos. Declamou, por exemplo, o poema que encarta o álbum “Elétrica”, em que fala que “o tambor vem vestido de chita rasgando as sedas da burguesia”.

“Comecei a cantar músicas sobre minha cidade e uma das coisas que mais me incomodavam era o racismo. Minhas canções sempre tentaram dizer o que precisava ser dito“, destacou a artista, defendendo a valorização das artes críticas.

Ao longo de sua fala, entre poesias e canções e sem papas na língua, Daniela fez pedidos diretos às autoridades presentes para mais espaço para a cultura na vida da população. “Valoriza-se pouco a cultura e a gente precisa ficar mostrando que gera dinheiro”, reclamou, reforçando que é preciso “tratar o setor cultural como setor econômico”, dando seu espaço de “direito garantido” do povo.

Daniela Mercury

A cantora reforçou que, ao contrário de muitos países, no Brasil, a constituição dá direito a cultura e que esta é a indústria que menos polui e que mais distribui riquezas. “Emprega mais que a indústria automobilística”, garantiu, ressaltando que o dinheiro é necessário para sobreviver, mas não para destruir.

Ela defendeu ainda, em comparação ao Plano Safra, que fornece recursos financeiros para as atividades e produções agrícolas brasileiras, um Plano Axé para a cultura, em que se forneça linhas de crédito que permitam investimentos em propostas mais sustentáveis para festas como o Carnaval, de trios elétricos híbridos nas ruas a uso ostensivo da energia solar.

Antes de se despedir, Daniela ainda relembrou uma história à beira do Rio Amazonas, há alguns anos, em que perguntou a um senhor aposentado do IBAMA o que ele diria aos grandes empresários, os poderosos. “Ele disse ‘diga a eles que eles não são melhores que Deus'”, contou a cantora, que não deixou de refletir que a música desde sempre levantou questões sobre o meio ambiente, ao cantar “Asa Branca”, de Luiz Gonzaga (“Quando olhei a terra ardendo qual fogueira de São João, eu perguntei a Deus do céu, uai, por que tamanha judiação?”) e “O Sal da Terra”, de Beto Guedes.

“Já deu! A ONU deu 9 anos pra gente reverter a situação climática do Brasil. Ou a gente para de negativismo e encara o nosso papel na sociedade, ou nossos filhos e netos estão ferrados, porque talvez a gente ainda consiga viver num lugar decente, mas eles, não”, sentenciou a cantora, finalizando seu discurso convidando o público a se levantar e cantar com ela trecho de “Macunaíma”, composição sua com Zé Celso Martinez, falecido em julho do ano passado.

O III ESG Fórum Salvador é um projeto realizado pelo Jornal Correio e Site Alô Alô Bahia com o patrocínio da Acelen, Alba Seguradora, Bracell, Contermas, Grupo Luiz Mendonça – Bravo Caminhões e Ônibus e AuraBrasil, Instituto Mandarina, Jacobina Mineração – Pan American Silver, Moura Dubeux, OR, Porsche Center Salvador, Salvador Bahia Airport, Suzano, Tronox e Unipar; apoio da BYD | Parvi, Claro, Larco Petróleo, Salvador Shopping, SESC, SENAC e Wilson Sons; apoio institucional do Sebrae, Instituto ACM, Saltur e Prefeitura Municipal de Salvador e parceria do Fera Palace, Happy Tour, Hike, Hiperideal, Luzbel, Ticket Maker, Tudo São Flores, Uranus2, Vini Figueira Gastronomia e Zum Brazil Eventos.

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