O governador do Pará, Helder Barbalho, foi um dos palestrantes da abertura do III Fórum ESG Salvador, na noite desta quarta-feira (22), no Porto Salvador, no bairro do Comércio, na capital baiana. No evento promovido em parceria pelo jornal Correio e pelo Alô Alô Bahia, o chefe do Executivo estadual paraense falou sobre os “Desafios da Amazônia, oportunidades para o Brasil e importância estratégica da agenda ambiental, no âmbito da COP30”.
Em sua fala, Barbalho contou um pouco da trajetória recente do estado, que inclui uma redução de 67% do desmatamento florestal apenas no último ano, e reforçou a importância, não só para o Pará e para o Brasil, mas para o mundo, de ser o anfitrião, em meio à floresta amazônica, de uma edição da COP30 (Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), em novembro de 2025.
O governador destacou que receber um evento desta relevância não acontece à toa, já que o Pará, de 2019 para cá, passou a adotar um novo olhar sobre a floresta e, consequentemente, um novo modelo de produção econômica, focado no conceito de “bioeconomia”, na qual, dos pequenos aos grandes produtores, todos entendem que os sistemas são interdependentes e que vale a pena manter a floresta amazônica de pé, pois é ela que gera o fruto, que gera o produto, que gera renda.
“O Pará tem por vocação natural a atividade da mineração e da produção alimentar”, destacou Barbalho, lembrando que a mudança de visão partiu de uma constatação: a de que o estado, apesar de possuir 75% do seu território de floresta natural, não tinha como vocação o uso sustentável deste ativo. A partir daí, compreendeu-se que era preciso seguir por um processo conciliatório entre as vocações do passado e as do presente, e incluir uma nova, a partir do melhor uso do território inexplorado.
“Para que nós possamos usar os conhecimentos ancestrais, dos indígenas e dos quilombolas, que sabem pegar uma copaíba e fazer dela, por exemplo, um fármaco para curar uma gripe ou uma garganta inflamada, para que nós possamos impulsionar a indústria de cosméticos, de fármacos, de biomateriais, de bioalimentos e, com isto, nós possamos incrementar a atividade econômica do estado tendo a bioeconomia como vocação atrelada às outras vocações”, explica.
“É preciso construir alternativas de ‘sócio-bioeconomia’. Temos a maior florestal tropical do mundo, mas temos 29 milhões de pessoas que moram e vivem debaixo da copa das árvores. E qualquer solução que não envolva pessoas não será sustentável, não se a viabilizará ao longo do tempo”, reforça Barbalho, que busca construir um paradigma em que as soluções ambientais dialoguem com os desafios sociais do estado e da região, valorizando a floresta e o que ela produz, até mesmo para geração de empregos, de renda e de desenvolvimento a partir da preservação ambiental, não da destruição.
“Não existe muro para a crise ambiental”
Em sua fala, Helder Barbalho ainda destacou que, cada vez mais, todas as atividades econômicas serão cobradas pelas urgências climáticas e fez um paralelo com a situação atual do Rio Grande do Sul, devastado por recentes chuvas e consequentes enchentes. “O que vemos lá é uma demonstração muito clara de que não existe muro para a crise ambiental. Talvez pela dor, o Brasil possa compreender o que é urgência climática e talvez isto seja a única oportunidade de trazer a urgência ambiental para as discussões do povo brasileiro”, ressaltou, reforçando que a situação gaúcha é o “novo normal”. “Achar que é apenas um caso pontual é desconhecer a ciência e, acima de tudo, a recorrente mensagem que o meio ambiente tem dado para a sociedade”, sentencia.
Reencontro da COP-30 com sua essência
Sobre sediar, em novembro de 2025, uma edição da COP-30, o governador do Pará acredita que a escolha do modelo apresentado pelo estado em 2019 permitiu caminhar até ser sede do maior evento sobre mudanças climáticas do mundo. “Fazer isto na Amazônia é um chamamento. Em duas semanas de evento, 140 chefes de estado estarão presentes e 70 mil pessoas estarão em Belém fazendo uma escolha de quebra de paradigma. As pessoas vão poder conhecer a realidade da Amazônia, não pelo Google, mas com pé no chão da floresta, olhando no olho dos indígenas”, reflete.
“Nós teremos a oportunidade, no próximo ano, em Belém, de tratar de transição energética e ecológica, mas, acima de tudo, de fazer com que floresta viva possa valer mais do que floresta morta, que a floresta viva possa representar riqueza para os povos da floresta, que a floresta viva possa trazer desenvolvimento para as pessoas que vivem às margens dos rios, mas muitas vezes não têm água potável”, reforça, cheio de otimismo.
“Nós faremos bonito. Muitos duvidam da nossa capacidade. Os pessimistas olham sobre o ângulo do desafio. Eu, como otimista, olho pelo ângulo da oportunidade. Teremos a grande chance de fazer um reencontro da COP com a sua essência. O último ano foi em Dubai, este ano será em Baku, no Azerbaijão, duas economias fortemente voltadas para a queima de combustíveis fósseis. Nós não teremos os hotéis 6 estrelas de Dubai. Que eles fiquem com este ativo. Eu prefiro ficar com as grandes árvores, com os grandes rios da maior floresta tropical do mundo, que é patrimônio deste país”, finalizou sob aplausos.
O III ESG Fórum Salvador é um projeto realizado pelo Jornal Correio e Site Alô Alô Bahia com o patrocínio da Acelen, Alba Seguradora, Bracell, Contermas, Grupo Luiz Mendonça – Bravo Caminhões e Ônibus e AuraBrasil, Instituto Mandarina, Jacobina Mineração – Pan American Silver, Moura Dubeux, OR, Porsche Center Salvador, Salvador Bahia Airport, Suzano, Tronox e Unipar; apoio da BYD | Parvi, Claro, Larco Petróleo, Salvador Shopping, SESC, SENAC e Wilson Sons; apoio institucional do Sebrae, Instituto ACM, Saltur e Prefeitura Municipal de Salvador e parceria do Fera Palace, Happy Tour, Hike, Hiperideal, Luzbel, Ticket Maker, Tudo São Flores, Uranus2, Vini Figueira Gastronomia e Zum Brazil Eventos.