Alagamentos no RS destruíram ao menos 500 hectares de vinhedos: ‘a perda vai ser grande’

Alagamentos no RS destruíram ao menos 500 hectares de vinhedos: ‘a perda vai ser grande’

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Com informações do g1

Fábio Tito/g1

Publicado em 17/05/2024 às 13:20 / Leia em 3 minutos

As fortes chuvas que castigam o Rio Grande do Sul desde o fim de abril impactam diretamente no cultivo de uvas para a produção de vinhos. A estimativa aponta perdas de 20% a 30% na próxima colheita, com cerca de 250 hectares danificados. Até mesmo o estoque de lojas em Salvador já sente os reflexos.

“A perda vai ser grande”, antecipa Flávio Rotava, de 51 anos, que, desde criança ajuda o pai, Alfeo, de 80 anos, a produzir vinhos em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, principal polo de produção de vinhos no Brasil. “É praticamente uma área que vai ficar imprópria para o cultivo de videiras e vai ser praticamente extinta para trabalho”, antecipa.

Os alagamentos na região destruíram ao menos 500 hectares de vinhedos, segundo dados preliminares da Emater/RS-ASCAR, instituição de assistência técnica a produtores. À medida que os produtores reportam suas perdas à entidade, o número ainda pode crescer. Acredita-se que os danos podem ter atingido 2% dos cerca de 44 mil hectares ativos no estado.

Por sorte, a colheita da safra de 2024 foi realizada entre dezembro e março, com as uvas já em processo de vinificação, para posterior engarrafamento. A colheita foi feita a tempo de evitar um estrago comercial ainda maior para os produtores da região. “A produção de suco e de vinho não está abalada do ponto de vista de estoque. Mas há famílias que perderam tudo e estamos nos preparando para estimulá-los a tocar o negócio à frente”, afirma Luís Bohn, gerente técnico da Emater/RS, ao g1.

Um dos grandes desafios para a normalização futura da situação passa pela recuperação das estradas, por onde a maior parte da produção nacional escoa. São pelo menos 62 trechos de estradas e pontes que precisarão ser reconstruídos no Rio Grande do Sul, com investimentos estimados em R$ 1,2 bilhão, segundo o Ministério dos Transportes.

Cheio de cidades com forte potencial para o enoturismo, o estado ainda sofrerá com a suspensão da chegada de visitantes em uma das regiões preferidas para quem quer conhecer a produção de vinhos brasileiros. Em 2023, por exemplo, o segmento movimentou R$ 3 milhões, R$ 1,7 milhão só em Bento Gonçalves.

O Complexo Econômico da Uva e Derivados representa cerca de 2% do PIB do estado do RS. São 550 vinícolas e cooperativas, segundo o Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS), que se reuniu, na última terça-feira (13), para que vinícolas compartilhassem os impactos das chuvas e pensassem em ações integradas.

“A maior parte das empresas está operando normalmente, mas há um impacto muito grande nas vendas no mercado local e no turismo. Essa retomada vai ser lenta e gradual”, afirma Daniel Panizzi, presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), que cita a interdição completa do Aeroporto Salgado Filho como um dos limitadores na distribuição dos produtos por Porto Alegre.

A alternativa tem sido o envio pelo aeroporto de Caxias do Sul e, por terra, as transportadoras têm procurado rotas alternativas. “É um cenário preocupante para restaurantes e hotéis que dependem da cadeia do vinho. Precisamos de força para recuperar a infraestrutura que foi gravemente afetada pelas enchentes e pelas chuvas”, diz.

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